"A
maioria das pessoas não conseguem conhecer a autêntica natureza do ser em sua
dimensão existencial, somente da maneira como os delírios do mundo a
apresentam.
As
pessoas procuram sempre um alguém que possa lhes oferecer um reconhecimento ou
lhe dar alguma atenção que possa nutrir o ego que carece deste outro que não é
ele próprio.
Parece
meio impossível se pensar bem e preenchido(a) na vida sem o outro, ou os
outros? Não quero dizer que as pessoas tenham que ser sozinhas e apartadas do
mundo para alcançarem plenitude, mas será mesmo que só existe o ser com a
companhia de um outro?
Acredito
que o ser independe de um outro alguém e mais, que este ser que reconhecemos no
outro na verdade é um reflexo da vaidade do nosso ego carente de atenção.
Na
verdade o que o outro oferece é só uma imagem débil e imprecisa de quem somos e
nunca uma experiência profunda e autêntica do ser.
O
ser nasce de dentro da alma!
O
ser sempre esteve ali no núcleo da entidade humana procurando se manifestar em
cada vivente, mas atualmente permanece nublado pela fumaça que o ego provoca.
O
ego é uma montagem, um conjunto de rótulos e máscaras que ganhamos da sociedade
para nos sentirmos um alguém ou como uma pessoa, mas jamais se sentir
verdadeiramente como se és na essência!
Isto
explica várias coisas que poderiam ser enumeradas aqui, mas não vou desenvolver
um raciocínio com os encadeamentos e consequências deste fato tão pouco
percebido.
Penso
que para conhecer o verdadeiro ser, o vivente tem que experimentar o silêncio
da mente e a quietude da alma, mesmo que esteja no centro de São-Paulo.
O
verdadeiro ser se manifesta quando a fumaça do ego se esvai.
Quando
qualquer tipo de carência que a mente fantasiar em forma de necessidade ou
desejo desaparecer, junto evaporará o ego diante da majestade e vigor do
verdadeiro ser.
Empossado
de sua verdadeira natureza o humano está pleno independentemente de estar só ou
acompanhado de milhões.
Assegurado
de sua essência, o vivente experimenta a solidão no seu pólo positivo, isto é,
vive a solitude.
O
problema é que só aprendemos a olhar pra fora e pro mundo, e o que nos oferecem
são sempre modelos de comportamento social para que possamos ganhar a atenção e
o respeito dos outros.
Quem
aprende a olhar pra dentro, aprende a tolerar as próprias fantasias, medos,
angústias, anseios....aprende a aceitar os impossíveis da vida, as perdas
irrecuperáveis, os sonhos não realizados...descobre que tudo isto são somente
truques criados pela sociedade para produzir movimentos que pra falar sério,
rs, atendem fins bem específicos, e o primeiro passo para tal é seduzir teu ego
caprichoso com o sonho de ser alguém importante pro mundo!
Quando
alguém verdadeiramente compreende o que é ser na solitude, este sim estará
pronto para estar com todos os outros, pois antes disso, só havia ali um ego
querendo ser adorado, envaidecido, admirado, mas nunca uma experiência
autêntica.
Quando
aprenderes a ser só perceberá que você, o outro e a existência são
representações de uma mesma e única realidade e jamais precisará de alguém ou
do reconhecimento de outrem para se sentir como ser uma pessoa.
E
se fores mais longe e aprenderes além de tudo, a ser verdadeiramente feliz na
solitude da sua alma, terás tido algo que costumo chamar de encontro com Deus!
(...)
rs...respeito
os diferentes pontos de vista! Predileções surgem e vão de acordo com o estado
de espírito. Talvez numa outra ótica, teríamos uma visão do impossível de
alcançar a plenitude seja da forma que for. Que qualquer experiência
psicológica de plenitude só é possível através do delírio ou da alucinação, ou
através da formação de sintomas que produzem as dores que preenchem o
verdadeiro vazio da vida de sentido. Talvez, a vivência de nirvana seja somente
uma ilusão forjada por uma espécie de êxtase que na fantasia do místico produza
uma recompensa em satisfazer um desejo de plenitude dos mais arcaicos que se
pode conhecer, a saber, de realizar o incesto, ou num nível pré-edípico e ainda
mais colorido de retornar para o útero da mãe, mas claro tudo pincelado com as
miragens da totalidade e da potência do Deus que engloba a tudo e à todos. Quem
está certo? Quem pode afirmar que um êxtase místico seja falso ou que seja um
substituto para impossibilidade do incesto ou do retorno para o útero? E se
eles estiverem certos? Por isso afirmo, rs, que respeito todas as formas de
compreensão e a seu modo admiro todas..."