quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O relógio das doze casas (1)

O texto abaixo trata-se de uma publicação que ficou famosa nas redes sociais de uma autoridade no assunto... que será publicada na íntegra sem as imagens selecionados por ele: (São fantásticas por sinal... vou deixar apenas a primeira e caso alguém queira basta me pedir por email. Estou publicando sem as imagens para que não fique muito pesada a postagem em sua versão para smartphone)




O lado sombrio de cada signo





Esse texto é de Jordan van der Zeijden Campos que é terapeuta e iridólogo. Jordan cita as partes sombrias de cada signo do zodíaco. Qual seu signo?


Áries

Áries é um signo complexo, mas lindo. Barraqueiro. Mandão. Mimado. É o primeiro signo do zodíaco, então é a criança - é o que dá o impulso e seu elemento é o fogo.

E por ser a criança é o pentelho, o birrento, o chato. Áries é o que inicia, é o pioneiro, o precursor e um líder nato. Tem muita energia, é dinâmico, ousado e gosta de romper limites. É muito fácil fazer um (a) ariano (a) de bobo (a). É só dar a ilusão que ele está no comando, no poder. Finja que ele está certo, e aja do seu jeito pelas costas.

Pessoas de câncer e escorpião fazem isto direitinho. Capricórnio quando quer o poder também. Ou seja, sempre.

Arianos na parte profissional, quase sempre se dão bem, pois tem energia e iniciativa. Mas podem ser muito competitivos e quando são contrariados, costumam meter a mão na cara. Na cama, são tão fogosos que cansam a gente. Querem quantidade. Chega a ser irritante. Você quer assistir a novela, e está lá o ariano com olhares de volúpia querendo entrar em ação… São os reis das encoxadas em ônibus, das cantadas no transito. Ele é torto, como diz a canção, mas um buldogue na sua defesa se for seu.

É sempre aquele açougueiro bagaceiro que passa aquela cantada imunda na feira.

Mas quando estão apaixonados, ficam loucos, entram na sua vida de cabeça, dão palpites sobre seus amigos, decoração da sua casa, e planeja fazer tudo junto – ele consegue mudar o “eu” por “nós”. Se deixar um ariano assiste sua depilação de virilha e vai amar ver você fazendo cocô.

A mulher ariana é brava, independente e dona de si.

Muitas não casam, porque não suportam a idéia de um homem mandando nelas.

Geralmente são líderes em empresas ou tem o próprio negócio. Sabe aquela amiga que você pode ligar as 03:00 da manhã, que ela topa ir a um forró? É a ariana.

Ela pode acordar as 06:00 da manhã, ir para ginástica,trabalhar o dia todo, fazer inglês no almoço ,chegar em casa,limpar a cozinha ,estudar com as crianças, transar com o marido, espancá-lo em seguida (principalmente se for de peixes ou libra) e depois pedir desculpas, ler um romance e finalmente ir dormir.



Capricórnio

Eu gosto das mulheres de capricórnio. Os homens nem tanto.

Acho um signo meio chato, meio moralista, meio… enfim, esta é minha opinião e não uma verdade absoluta - quero deixar isto bem claro. Tive alguns conhecidos de capricórnio (estas amizades não duraram) e honestamente nenhum se deu bem. Foi muita teoria e pouca prática. Capricórnio nasce com uma inteligência natural, isto é fato. Capricórnio também tem um espírito inconformado, o que induz as mudanças e isto é muito bom. Capricórnio tem ambição, virtude que adoro e faz a humanidade andar e isto eu adoro. Mas tudo isto, tem que ser canalizado, porque senão o capricórnio ficará só na teoria enquanto os outros ‘menos dotados’ realizam coisas sólidas. O grande inimigo deste signo é sua arrogância e sua mania de achar que todo mundo é burro, estúpido e só ele é prático, inteligente e realizador. Exemplo:

A professora na sala de aula e o capricorniano:

Professora: Bom, hoje vamos ver e aprender sobre os países do leste europeu e o impacto social que eles…

Capricórnio: Ei, que coisa antiga este assunto, quem não sabe sobre isto?

É só ter tv a cabo e ver os documentários a respeito.Quem não sabe sobre isto?

Professora: Muitas pessoas não sabem, e depois, isto faz parte do programa da escola e…

Capricórnio: Esta escola está atrasada , onde estudei, aprendi isto na quinta série e…

Professora: Então talvez por isto, você repetiu, não é mesmo?

Porque sabia demais…

A classe toda ri…do capricórnio, lógico…enquanto ele emburra e abre o seu livro sobre mecatrônica robótica.

O capricórnio quando vence a mania de achar que só ele sabe, que o chefe é burro, que a escola é idiota, que o mundo é errado e que só ele é certo, vai longe…

Porque ele tem persistência, paciência e sabe trabalhar duro.

É meio sério, rabugento e adora namorar pessoas mais velhas e é um signo que sempre tem problemas com o pai…

Conheci uma pessoa de capricórnio que vivia culpando a mãe por não lhe pagar mais a faculdade (Detalhe: a mãe descobriu que a pessoa fingia que ia para a faculdade, mas na verdade enchia cara nos botecos da vida) - Esta pessoa até hoje, não se formou e tentou quatro faculdades, uma de cada curso… tem 31 anos…

Uma ex grande amiga minha, também aspirante à atriz, daquelas que desafiam os chefes, (mesmo chegando atrasada todos os dias e atendendo mal os clientes), falava de Antunes Filho, de Zé Celso, enfim, toda teórica.

Bom, engravidou do primeiro namorado, em três meses de namoro, tem dois filhos e hoje ainda aos 34 anos, discursa sobre teatro e critica todo mundo.

Detalhe: Nunca fez uma peça. Muitos culpam o planeta regente deste signo, Saturno, que gira muito lento, pelo caminho difícil e esburacado deste signo…

Bom, aqui vão mais alguns dados:

1-Capricórnio nasceu para o poder e se dá bem em cargos de liderança. Ama o poder assim como leão e escorpião.

2-Capricórnio tem um mundo interno que só ele tem acesso, então nem tente entrar que você não conseguirá.

3-São pessoas distintas, que adoram a elegância, a gentileza e os bons modos. São no fundo conservadores. Amam o Brasão da família.

Os homens deste signo são sérios, sisudos e muitas vezes rabugentos… começam a ter cabelos brancos cedo e adoram mulheres mais velhas. Amam os avós.

As mulheres deste signo são críticas, trabalham duro e por horas a fio, são firmes e tem um ar de melancolia.

No trabalho são metódicas e precisas (tive uma prestadora de serviços de capricórnio, Afifa Rassi Valicente, uma turca que era uma pessoa muito, mas muito eficiente…)

Gostaria de confessar que tenho uma certa distância com este signo, sei lá porque…Não sei se é porque conheci muita gente capricorniana que pregavam moral e depois aprontavam, enfim… Peço desculpas se não fui imparcial...


Gêmeos

Eu quase não consigo escrever sobre este signo. Isto porque eu tinha que fazer ginástica e me lembrei que tinha que dar um pulo no meu banco para resolver um problema de débito automático, quando me lembrei que hoje, terça feira é o dia da feira, aqui do lado de casa, mas caraca, eu tinha que ver um apartamento com um corretor antes do meio dia, horário de uma entrevista na rádio. Ufa!

É exatamente assim que é a personalidade, o ritmo e o cotidiano do geminiano. Pensa mil coisas ao mesmo tempo. Porém no meio disto tudo, sai uma idéia maravilhosa, algo louco e inédito. O geminiano é capaz de parar o sexo com você, só para ver o novo clipe da Amy Winehouse e depois volta com o mesmo fogo de antes, enquanto você esta ainda enxugando as lágrimas.

O povo de gêmeos tagarela muito. E não consegue guardar segredos. Se quiser prejudicar alguém, solte um veneno para o geminiano e ele vai espalhá-lo, como se fosse à imprensa marrom.

E de repente, o gêmeos está ali na festa dançando, pulando e do nada, fica quieto, sério, e vai embora…

É o seu outro lado, entrando em ação. Gêmeos é um signo duplo, assim, como sagitário e peixes, são os chamados signos mutáveis... É o signo que melhor representa a TPM. O Geminiano é inteligente porque absorve tudo muito rápido, tipo um Sempre Livre, mas odeia se aprofundar nas coisas…

Tipo modess sim, vibrador não. Dizem que gêmeos é falso. Não é. Apenas muda rápido de idéia. Corretores de imóveis se irritam com este signo.

O Homem geminiano tem sempre muito o que fazer, muitos amigos, muitas atividades e pode até ter duas namoradas, porque esqueceu-se de terminar com a outra. Mas não tenha pena, mate-o do mesmo jeito. Geminianas são lindas, femininas e ágeis. Grande parte das modelos são geminianas, talvez por isto, se adaptem a vida de modelo que é mil testes, mil viagens, mil dietas, mil vômitos, enfim. Tenho um amigo geminiano que demora 3 horas para malhar, porque fala com toda a academia. Tenho um outro amigo que é geminiano, judeu, mas fala japonês fluentemente. E tenho um outro que era músico formado, virou arquiteto, já foi motorista e ataca de corretor de imóveis. Entenderam? Ou seja, com o talento bem canalizado, vão longe…E alguém lá sabe canalizar talento?


Libra

Libra é considerado o signo da justiça. Da beleza. Da arte. Da música. Enfim, uma mistureba só. O que dá mais raiva neste signo é que o seu planeta regente é Vênus, o planeta do amor, que também rege touro. Por isto é tão fácil encontrar pessoas lindas de touro e libra. E libra persegue a beleza. O libriano pode morar debaixo da ponte, mas no cantinho vai ter um vidro de desodorante cheio de água com uma margarida, só para ele ter algo belo para olhar ao acordar. É muito comum gente de libra cair nas garras de periguetes lindas e gigolôs irresistíveis, porque ficam atrás do que é belo e se outras pessoas também acham belo, piorou. É aquele típico rapaz que tem uma namorada bonita e a leva até no futebol, só para mostrá-la aos outros.

Libra também tem uma mania chata de seduzir Deus e o mundo e depois não sabe o que fazer com a vítima, então é muito comum que tenha muitos relacionamentos ao mesmo tempo, até que uma das vítimas perde a paciência e lhe mete a mão na cara (geralmente uma ariana ou leonina ensandecida).

E fica horas, numa mesma questão:

‘Mas se formos ao motel, não acordaremos cedo para comer o pastel da feira….’

‘Mas se acordarmos cedo para comer o pastel, não iremos ao motel, e acho que precisamos transar...’

‘Mas também se formos à feira, não sei se é legal, porque você está de regime’…

‘Mas também no motel tem tv, então poderíamos ver o Supercine’….

Mas também… E segue a chatice que dá nos nervos.

E quando libra se decide, afe, dá lhe romantismo melado.

No meio do sexo, o libriano quer parar e olhar nos seus olhos e inventa de acariciar seu corpo com uma rosa... No meio de um jogo de baralho ele quer que você pare, porque a lua tá linda. No final da novela, ele resolve dizer que te ama. Coragem!!!

É muito comum librianos casarem-se muito cedo, porque acharam que aquele amor em cima de uma roda gigante era para sempre. É normal que casem se várias vezes. É bom que fiquem ricos, porque terão muitas pensões para pagar.

Já a mulher libriana mesmo pobre estará envolvida com beleza, ou justiça.

Será a vendedora de cosméticos, de lingerie, de bijuteria, ou de tudo isto.

Será advogada ou cobradora do Serasa, ou cantora de cabaré, churrascaria, Buffet infantil ou até de sucesso. Mas serão charmosas, românticas e tem que tomar cuidado com rostinhos lindos, porque é o seu ponto fraco.

Academias de ginástica também são a sua praia.

Aviso de amigo: Cuidado com pessoas de touro com ascendente em libra. Vão te fazer pastar muito. Evite.

E não se espante se a pessoa de libra te pedir um ‘tempo’ de manha e a noite disser: ’Eu te amo’. Eles mudam de idéia assim como eu mudo de cueca.

E são os que mais demoram para terminar um namoro.


Peixes

Existem dois tipo de peixes: Aqueles que nadam para cima e aqueles que nadam para baixo. E se você for um pisciano, reze para nadar para cima, porque com certeza, sua vida será beeeem mais fácil e animada…

Peixes é um signo místico, é o signo do desapego, da espiritualidade, dizem até que quem é de peixes, será a última vez que vem ao mundo, porque é a ultima encarnação. Traduzindo: Este é o signo da’ viagem’, colega.

Eles tem um mundo interno, cheio de fantasias em todos os planos e quando a coisa não tá boa (quase sempre), eles nadam para lá, e não há quem os tire.

Se o pisciano souber canalizar sua incrível intuição e sua sensibilidade, ele consegue captar o que está em volta e com isto, sentir o ambiente, se adaptar e crescer e fazer a diferença. Porque quando um pisciano resolve ser brilhante, colega, detona até o mais animado leonino. Mas o problema é quando resolve... E se resolve…

Como é um signo que se sacrifica numa boa pelos outros, às vezes o pisciano esquece- se dele mesmo e lá se vai à vida própria. É o signo do povo da noite, do lado b, daquilo que destrói. Peixes deve evitar ao máximo o álcool, as drogas e a prostituição ou seja, tudo que traz o alívio momentâneo para as dores do dia a dia...

Muitos artistas plásticos são piscianos. Muitas pessoas que trabalham com música são piscianos. Trabalhos mais ‘para dentro’ são perfeitos para eles.

Os homens deste signo, tem uma certa fragilidade que a mulherada com síndrome de mãe não resiste, leva para casa e quando vê, tá sustentando um marmanjo de 40 anos, que tenta debilmente ser um novo escultor. É colega, cuidado... Se um pisciano te pega em uma época carente, lascou-se. Você fará tudo pro ele.

E como chora este signo, afe…chora e se sacrifica pela família e adota crianças e faz o trabalho dos outros e toma na cabeça mas não aprende.

Não sabe dizer não. Não sabe dizer não. Não sabe dizer não. Não sabe dizer não. E só para reforçar… Não sabe dizer não.

E dando um toque, o pisciano, tem que ter um caderno em casa e ele deveria escrever 100 vezes ao dia: Devo aprender a dizer não…

A criatividade deles é incrível, então criam heróis, situações loucas, nuvens laranja, sóis azuis e lagos cor de ouro… É bem lisérgico.

A mulherada deste signo, de uma feminilidade extrema, consegue seduzir com o doce olhar e tem um aspecto de donzelas… Arianos e leoninos, que adoram uma gueixa-donzela-princesa, são os primeiros a serem fisgados por estas moças de olhar sereno e quadril sem vergonha. Porque a pisciana, colega, adora um ‘vucocvuco’.

São amantes perfeitas... Com aquele olhar de songa monga, elas vão longe…

Até para a Europa, bein. E reclamam da vida, viu?

Porque adoram se sentir vítimas da situação, da vida, do contador, de você do filho que ainda não nasceu. Adoram sofrer… E amam misticismo:

Astrologia, mãe de santo, tarô, borra do café, do capuccino, amam budismo, cartas, enfim, amam uma macumbinha colega. Ou também são rezadeiros ao extremo.

São chegados em velas. Pecado e religião. Culpa e castigo. Carne e alma. Pão e vinho. Ah, eu não tenho paciência. Piscianos… cuidem do psicológico e da cabeça…

São propensos à depressão.


Sagitário

E agora, vamos falar do signo mais palhaço de todos: Sagitário.

E o pior é que é verdade. Ou melhor. Grandes comediantes são de sagitário:

Woody Allen, Bete Midler, Ben Stiller, Rafinha Bastos, Grace Gianoukas, Angela Dip, Luiz Miranda, Marcela Leal e por aí vai…

Na verdade, o sagitariano é um otimista que acha que tudo vai dar certo e como nem sempre tudo da certo, ele ri de si mesmo, faz uma piada e bola pra frente ou para todos os lados. É um tagarela nato, fala muito, sobre tudo e é incapaz de guardar segredos, e ele fala mesmo, te entrega na cara dura, fora as indiscrições, aliadas a uma sinceridade quase desconfortável.

Olha o sagitário como age:

‘Mas Ludmilla, você disse que perdeu 5 kg… mas eu acho que no máximo, você perdeu 1kg .

Mas isto não importa. Arthur seu namorado, sempre preferiu moças mais gordas… ’

‘Marcos, tudo bem?

Nossa parabéns por você ter passado no concurso público.

Vai ser muito bom para você, porque como você não tem talento para nada em específico, pelo menos neste trabalho de 6 horas, você ganha algum, sem precisar ser bom, né? Que sorte. ’

‘Ainda bem que você se separou Gerlaine… tava na cara que você se casou com ele, só para sair da casa de seus pais… Afinal, sua mãe, sempre foi uma megera. ’

Sim, que gostosa esta tal sinceridade, não?

Mas por incrível que pareça, sagitário tem muitos amigos, conhece Deus e o mundo.

E sabe onde as coisas estão rolando, ou seja, onde tem uma festinha ou algo descolado, lá está ele. Como lê muito, ou escuta muita música, ou vê muitos filmes, ou tudo isto ao mesmo tempo, ele sempre tem assunto. Também é um signo esportista, então é muito comum que eles pratiquem esportes porque como tem muita energia, esta precisa ser canalizada, senão quebram tudo em casa, porque são desastrados.

Odeia se sentir preso, detesta namoros longos e sérios e se pegar no pé dele, ele ‘avoa’. Você para conquistá-lo, não dê muita bola, não fique muito atrás, ele ficará intrigado. Sagitário também tem um profundo senso religioso ou filosófico, ama cães e é um galinha daqueles. Beijam até 8 pessoas na balada e ainda contam, achando tudo bonito.. As moças sagitarianas, na maioria das vezes, moram sozinhas, demoram- se para casar, são independentes e amam viajar, não param quietas.

Geralmente, os sagitarianos em geral, cortam os laços familiares muito cedo, pegam uma mochila ou mala e vão ‘ferver’ por este mundo de meu Deus.

Trabalhos como agente de viagens, advogados, promoters, pilotos de avião, comissários de bordo, comediantes, professores e filósofos, combinam muito com o estilo dos arqueiros.


Escorpião

Escorpião é o signo do sexo, mais para a sensualidade, é o signo do mistério, das emoções fortes e da vingança, resumindo: Uma novela mexicana com cenas de sexo!

Escorpião encara a gente e ficamos sem graça, porque tem um olhar profundo, intenso, mas se a pessoa for zarolha, vira motivo de piada.

O problema é que o escorpião é muito intenso, então tudo tem um sentido muito profundo:

‘Quando tomo água, estou tentando aplacar a secura da minha solidão’.

‘Quando estou dormindo e ronco, é porque é a única maneira de você me ouvir, porque você não me ouve, Amor.

‘Quando faço cocô é uma maneira de negar sua comida, que é muito boa, mas eliminando-a pelas fezes, mostro e nego, o prazer que ela, sua comida, me causa. ’

Entenderam? E escorpião também não esquece nada.

No meio de uma transa magnífica, quando você está prestes a ter um orgasmo triplo, ele pára e se levanta e você , sem entender, pergunta:

-O que houve? -Lembra-se que há dois anos atrás , você bateu o telefone na minha cara? Pois bem, agora você me pagou.

E sai para tomar um gole de Fanta Uva.

O escorpião também é obcecado pelo poder. Quando ele chega a qualquer lugar, ele passa os olhos e como tem uma boa intuição ele sabe quem tem mais poder neste lugar e se aproxima da pessoa certa e pronto. Faz o seu papel charmoso e em seguida, fecha bons negócios, bons contatos. Mas o escorpião trabalha duro, é persistente e se tiver controle emocional, vai longe.

E por falar em controle emocional, ele pode estar louco de amor, ardendo por dentro, mas ele olha para você e diz: Você não lavou a louça, sua porca!

Este signo descobre facilmente seu lado B, tipo aquilo que você tem vergonha, mas morre de medo de falar, ele descobre e faz, é gostoso, mas dá medo. Conta para todo mundo isso. Sei de uma moça casada, que largou marido, carrão, e um bom emprego e foi para a Guiana Francesa atrás de um escorpiano louco que ela fez um sexo rápido em um banheiro de um lava-jato. Escorpião faz sexo em qualquer lugar e quando quer sexo, vaga pelas noites. E quando se apaixona, coragem! Te vigia, te perturba, te persegue, te cerca. Mas é bom, porque colega, o sexo… Porém: Não minta para ele, ele descobre! Não tente enganá-lo, porque ele percebe. Não apronte, porque ele se vinga... É o tipo bovino – adora ruminar e ficar mastigando mato antigo, adora mascar chicletes para fazer alusão que sempre sabe o que você fez no verão passado.

Fora isto, é um amor de pessoa! rs.


Virgem

Faz de conta que você tem uma empresa e acha que o seu sócio está te roubando e você precisa ter certeza e para isto, você terá que mexer em todo o complexo livro caixa, numa busca pelos últimos três anos de lucros da empresa. Que chato, não?

Não para um virginiano. Minúcias, detalhes, cálculos complicados, deixe tudo para ele.

O virginiano é muito organizado, e não só no sentido de casa impecável e limpa, mas sim na organização mental. A capacidade de concentração destas pessoas é impressionante e se você resolver mentir para eles, espero que seja bom, porque eles vão somando detalhes , expressões de rosto e friamente vão dizer na sua cara:

Você mentiu! E vão explicar o porquê. Dá ódio. Não se esquecem de nada, anotam tudo, conseguem ser pontuais e obedecer à rotina de uma maneira perfeita.

Espiem só a agenda de um virginiano típico:

07h15min- o despertador toca e o virginiano reza, não se esquecendo de agradecer o aumento que ganhou e os 3 kg que conseguiu perder.

07h20min- O virginiano vai para o banheiro e faz xixi, em seguida cocô,usa 7 vezes o papel higiênico(mesmo sabendo que tomará banho em seguida), e aperta duas vezes a descarga , pois tem pavor de resíduos.

07h25min- o virginiano entra no chuveiro e molha bem os cabelos e depois de bem molhado, ele passa o shampoo, esfregando bem e enquanto o shampoo age, ele escova os dentes com a escova elétrica. Enxágua os cabelos e a boca, e repete as duas operações (cabelos e dentes) por mais um minutos e novamente enxágua..

Não passa condicionador porque só usa dia sim, dia não. E hoje é o dia do não.

Em seguida esfrega com a esponja vegetal as partes mais ásperas do corpo (cotovelos, calcanhares, joelhos) e depois com o sabonete antibacteriano ele lava axilas, solas dos pés, e partes pudentas. Depois lava o restante do corpo com o sabonete liquido hidratante e enxágua tudo com a água fria porque tonifica os músculos. Sem medo de ser feliz, lava o rosto com o sabonete para peles mistas.

Depois… E por aí vai… Pode ter TOC bem fácil.

Sexualmente eles usam o lado b, então fazem o sexo com muito beijo molhado, saliva, palavrões ,tapas, ou seja o chamado ’sexo sujo’, porque é ali que eles se soltam.

Não se esqueçam que todo mundo tem um lado b, mas o do virginiano é quase c.

As mulheres são excelentes esposas e namoradas, mas são exigentes demais, detalhistas, do tipo que se o coitado deixar a toalha molhada em cima da cama ela surta. São excelentes executivas, secretárias, médicas e cobradoras de ônibus.

E quando discutem a relação é péssimo, porque fazem um apanhado dos últimos 5 anos, sem perder nenhum episódio de briga e ofensas, repetindo até frases e insultos.

Mas o virginiano em geral é bem asseado. Se você estiver na cama com algum deles e tiver com mau hálito, chulé ou um cheiro forte debaixo do braço… ele fala na sua cara e te manda para o banho. E se você quer um sexo filme pornô, pegue alguém deste signo. O que é excitante, pois eles têm uma aparência distinta e tímida, mas… ui! Claro, mas com muita higiene. E tem todos os remédios do mundo... São hipocondríacos. São capazes de tomar Imosec antes da feijoada.


Touro

Meus quatro melhores amigos são taurinos. Então posso dizer que conheço a raça.

E que raça! E são amigos de longa data. Como são as amizades taurinas. Sólidas.

A primeira coisa que me vem à cabeça é o egoísmo. O Touro é muito egoísta. Só consegue ver as coisas sob o seu ponto de vista. E pronto! Ele está certo, sua opinião tem mais peso. E o pior é que não costumam mudar de idéia. O bom do touro é que ele sempre tem um ‘dinheirinho’. Sempre. E se ele empresta ou te dá algum, colega, é porque ele gosta muito, mas muito de você. Porque se tem uma coisa que o touro defende é o seu dinheiro. Coincidentemente, todas as minhas viagens internacionais (menos Ibiza,lógico), foram bancadas por dinheiro taurino. Mas paguei tudo, viu?

Até porque se que não pagasse, eles cobrariam.

Touro ama prazeres: Sexo, comida e dinheiro.

Um taurino sem sexo fica amargo. Um taurino sem dinheiro fica mal humorado.

E um taurino sem janta, quebra a casa toda. Mas é mais que isto.

Seu dinheiro tem que significar contas pagas, e algum investido. Ele adora ligar nos banklines da vida, para ver o quanto tem, o quanto rendeu, o quanto sobrou. Ama cheirar notas novinhas. Não confia muito em débitos automáticos. Bom, nem eu.

O sexo do taurino não pode ser qualquer sexo. Não gosta de ‘rapidinhas’. Este papo de ‘ali na escada de incêndio ‘ ou ‘vamos ali atrás da moita’ ele não gosta.

Gosta do sexo lento, em uma cama boa, sem demora, e ama sexo oral. E cuidado com o beijo taurino. Apaixona bein!

E ama comida decente. Não me venha com sanduiches, Big Macs.

Ele quer arroz, carne, feijão, mistura, salada, sobremesa, talher, suco, aperitivo, bebidinha. Não me venha com misto quente e Tang uva.

O touro também é ciumento demais. E odeia ser ciumento. E sua vontade de não ter ciúme é engraçada, porque transparece. E odeia perder as coisas. O casamento pode estar ruim, ele vai demorar para abandonar,se abandonar. Então, bein, se você for amante dele, sempre será a amante. Mesmo ele te amando mais que a oficial. Mas o legal, é que ele costuma ter a oficial e a esposa. Não galinha por aí. Tem preguiça de caçar. Que bom né? O complicado é que o planeta que o rege é Vênus. Então se o taurino não for lindo, é no mínimo sexy. E se não for bonito, é rico, o que para muitas mulheres é o mesmo que bonito.

A mulher taurina é muito, mas muito feminina.Mas é firme,e teimosa.Sempre trabalha muito, adora a boa vida e trabalha muito para isto,porque ama o conforto.

Se tiver uma taurina morando em uma pensão com mais oito no quarto, a cama dela, no beliche vai ser a de lençol mais limpo, sua toalha será a menos encardida e seu sabonete o mais cheiroso. A taurina ama namorar, mas como pensa em relação sólida, escolhe bem e avalia se o moço tem futuro na repartição em que trabalha.

Se a taurina namorar um desempregado é porque caiu nas mãos de um sagitariano safado e bom de cama, ou de um leonino xavequeiro que sabe falar baboseiras a luz do luar e da poluição ou de um pisciano com olhar distante e mãos espertas.

Mas mesmo assim, ela sempre terá um trocado na manga. E na barra também.

Se você conhecer um taurino negativo, cuidado. Ele vai te massacrar. E o pior, nem vai se comover. Lembra-se? Ele é um egoísta. Quer feri-lo?

Fique mais rico ou rica que ele. Viu como é difícil atingi-los?

Ah, grandes gigolôs e cafetinas são de touro. Rs, é sério! Só perdem para o povo de peixes... Ah, taurinos não acreditam muito em signos. São mais ‘´pés no chão’.


Câncer

Vamos chorar? Câncer é chorão. Câncer se magoa com facilidade. Câncer é manipulador. Câncer sempre tem dinheiro escondido. Câncer é um signo da água, regido pela lua e é um signo feminino. Ligado a família, a valores tradicionais e ao romantismo. Resumindo: Uma caretice só aos olhos do mundo dito moderninho.

Câncer fica magoado com qualquer bobagem e fica remoendo esta bobagem e um dia, do nada, no meio de uma feijoada com amigos solta o verbo:

-Aquele dia você não me ofereceu pastel. Você é egoísta, não pensa nos outros.

E você fica ali pasmado, tentando entender aquilo.

Câncer é o mestre em soltar aquela frase: -Depois de tudo o que eu fiz por você…

E você ficará com o peso na consciência, se sentindo um personagem do filme ‘O Albergue’. Mas é exatamente aí que reside à força do canceriano. A força da manipulação... Com este jeito de coitado, de calado de ‘na dele’, ele consegue empregos, amigos, amantes e vai acumulando conquistas. Câncer adora acumular, guardar, colecionar. Sempre tem um dinheiro guardado, um dinheiro que ninguém sabe que ele tem. E Câncer é pão duro. Mas também é muito dedicado a família. É sempre aquele filho que vai á feira com a mãe, é sempre a menina que limpa a casa, é sempre o enteado que vai ao Bradesco para a madrasta. É aquele signo que te deixa dormindo sozinha no motel porque ‘não posso dormir fora de casa.’ Câncer adora namorar e é bom que o faça, porque câncer sem namoro firme é farra na certa. O lado B do canceriano é quase um ‘lado d’, colega.

Adoram bordéis, saunas e estes lugares modernos tipo… frequentados por casais.

Mas namorando são românticos, protetores e sensíveis. E cuidado com o olhar de peixe morto deles, seduz todo mundo. Adoram ficar em casa e se possível, teriam a balada delivery, de tanto que gostam de ficar em casa de moletom,arrastando os chinelos. É também aquela pessoa insuportável que demora meia hora no banho e quando sai… dá lhe vapor. A mulherada canceriana é delicada, feminina e tem aquele ar maternal.

Sempre comanda a família, e consegue ‘arrancar dinheiro do marido’, e com as futricas certas, sobem rápido na empresa.Aliás, trabalham muito e bem e são astutas. Cancerianas sempre sobem de cargo. E são meninas para namorar.


Leão

Antes de qualquer coisa, quero dizer que amo este signo. E me dou bem principalmente com pessoas deste signo. Leão é o líder, o rei, o brilho, mas inseguro, precisa de adornos e mimos, senão, sua auto estima é como a de uma ameba na quaresma. Quer levantar um leonino? Elogie-o, finja que a opinião dele é a suprema, e que sem ele, sua vida seria uma vida vulgar e miserável, típica de personagem secundário de novela do SBT.

Quer derrubá-lo? Ignore-o, ria das suas roupas e modos exagerados, não aceite suas verdades prontas e você verá este felino louco, chorando pelas selvas da vida.

Leão é bem generoso, sempre dá um bom presente e mesmo quando pobre, ele se destaca pelo bom gosto e pela ambição. Ele sempre será (junto com seu irmãozinho taurino) aquele que venderá as garrafas velhas do quintal, para comprar a linda camiseta para o baile da escola (enquanto o irmão taurino guardará o dinheiro)

Leão quando decide conquistar algo ou alguém, é um inferno, porque ele consegue, porque te cerca, te segue, perturba. Sabe aquele magrelo galanteador que te liga toda hora e se acha? É um leão… Aí de raiva, cansaço e curiosidade, você cede só por um pouquinho e descobre que o beijo dele é bom, que ele é carinhoso e quando você percebe…

É toda dele, MEDA! É ciumento, dramático e cheio de barracos...

E cuidado com amantes leoninas. Elas de alguma forma, conseguem se tornar as primeiras damas, até porque não suportam a hipótese de ser a segunda opção.

As leoninas são rainhas de tudo, o pobre homem que as servir será sempre um súdito.

Porque são bravas, gastadeiras e querem atenção o tempo todo. Manhosas, adoram criar um conflito só para no final, ganhar no debate. Mas em geral são fiéis, dedicadas e muito fogosas ... Egoístas, podem desequilibrar os parceiros com ciúmes e exigências. Mas no geral este signo quando está equilibrado (ou seja, no comando de tudo), é cheio de vida, calor e humor. Tem ambição, trabalham bem e sim, querem ser reconhecidos. Amam aparecer, amam o destaque, o palco, a vida. Não existem muitos leoninos por aí. Até porque realeza, não se acha em qualquer esquina, pessoas.

Na firma, sobem de cargo rápido e no refeitório, sempre estão ao lado da chefia.

E mesmo se for mecânico, com a roupa toda suja de graxa, o cabelo estará impecável, todo leão tem uma relação forte com o cabelo.


Aquário

Detesto este signo. Detesto mesmo. E por quê?

Porque os diabos dos aquarianos conseguem perceber as coisas antes que todo mundo e assim, não dramatizam. E como conseguem resolver problemas com um piscar de olhos. Acho até, que as aquarianas não tem tpm.

O chato do aquariano tem dom de ser futurista e como tal, ele antecede fatos, situações e depois que você se estrepa ele solta: ‘Não te avisei’? Chato Chato Chato.

O aquariano sempre é o mais diferente ou o mais tranquilo… Ele se antecede as tendências, então tudo que ele disser que é bom ou vai pegar, acredite… vai pegar.

São completamente apaixonados por eletrônicos, jogos, computadores, tudo que é futurista e único. Um aquariano perfeito, seria o maluco beleza Raul Seixas, que falou sobre a metamorfose ambulante. Ah, aquário tem humor, tem uma loucura interna e um desprendimento das convenções que não é tipo, que não é calculado. Eles são naturalmente assim.Tem uma intelectualidade vibrante, são curiosos, cientistas, adoram analisar as coisas, os fatos, teorizar sobre algo ou mostrar um lado da questão que ainda não foi explorado. Pessoas de look original, idéias anarquistas, pessoas que mudam o curso da história são de aquário. Também ligados nas questões humanitárias…

Adoram coisas como ‘buraco de ozônio’, ou o ‘futuro do homem na era virtual’, ou a ‘pílula e sua função neste milênio na vida da mulher.’ ONU e NASA soam como sinfonia dos Deuses no coração aquariano. No amor, são divertidos, desencanados, joviais, e não esquentam muito a cabeça com nada. Nada de supérfluo, lógico.

Na verdade são dedicados, mas nem ouse tentar prende-los. Eles te chutam como se chuta uma bola. As mulheres de aquário, na maioria das vezes, moram sozinhas, tem filhos sozinhas, tem seu próprio negócio, e não são nada caretas, adoro.

Mas não se esqueçam…são cientistas… E te analisam e te observam o tempo todo, sem você perceber. E se você é conservador, familiar e muito moralista, esqueça este signo. Ele veio ao mundo para agitar…

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Receita de bolo (1) / Amor (9)

18 verdades sobre relacionamentos que você já deveria estar acostumado:

"1. Quem que se importa menos tem todo o poder. Ninguém quer ser “a pessoa mais interessada” da relação.

2. Porque nós sempre queremos mostrar para a outra pessoa o quão blasé nós podemos ser, joguinhos psicológicos como ‘Intencionalmente Levar Horas Ou Dias Para Responder Uma Mensagem’ vão acontecer. Eles não são divertidos.

3. Uma pessoa sendo desapegada porque tem zero interesse em você parece exatamente igual a uma pessoa sendo desapegada porque acha você incrível and está fazendo um esforço consciente para fingir que não está nem ai. Boa sorte tentando descobrir quem é quem.

4. Ligações telefônicas são uma arte em decadência. Muito provavelmente, grande parte da comunicação do seu relacionamento vai acontecer por texto, que é a forma de interação mais desapegada e impessoal que existe. Já pode ir criando intimidade com as opções de emoticon.

5. Planos com antecedência estão mortos. As pessoas tem opções e atualizações de última hora da localização dos seus amigos (ou outros potenciais romances) graças as mensagens e as redes sociais. Se você não é a prioridade, você vai ouvir um “Talvez” ou “A gente se fala” como resposta para o seu convite para uma saída e o(s) fator(es) decisivo(s) serão se a pessoa recebeu ou não ofertas mais divertidas/interessantes que você.

6. Aquele alguém que te magoou não vai automaticamente ter um karma ruim. Pelo menos não em um futuro imediato. Eu sei que parece nada menos que justo, mas às vezes as pessoas enganam e traem e continuam suas vidas alegremente enquanto a pessoa que eles deixaram para trás está em frangalhos.

7. A única diferença entre as suas ações serem consideradas românticas ou assustadoras  é o quão atraente a outra pessoa te acha. É isso, isso é tudo.

8. “Topa sair?” e “Vamos fazer alguma?” são frases vagas que provavelmente significam “vamos nos pegar” – e enquanto você provavelmente odeia receber uma dessas, elas são o jeito mais comum de convidar alguém pra passar algum tempo com você hoje em dia, e aparentemente elas chegaram pra ficar.

9. Algumas pessoas só querem te pegar e se você está procurando mais do que sexo, eles não vão te falar “Alow, acho que eu sou a pessoa errada pra você”. Pelo menos não antes de você liberar o tindolelê. Enquanto a decência humana é o ideal, a honestidade não é obrigatória.

10. A mensagem que você mandou chegou. Se ele não respondeu, pode ter certeza que não foi por causa do mau funcionamento das operadoras de celular.

11. Tantas pessoas tem medo de compromisso e de estar sério com alguém que continuam um relacionamento não-definido, que acaba confundindo as coisas e só funciona até não funcionar mais. Eu já disse várias vezes, e vou dizer de novo – “nós somos só amigos” é abrir a porta para uma traição que tecnicamente não era traição porque, hey, vocês não estavam juntos juntos.

12. As mídias sociais criam novas tentações e oportunidades para trair. As mensagens por inbox e opções para um flerte sutil (ex. curtir a foto alheia) não servem como desculpa ou prova de uma traição, mas eles certamente aumentam as chances disso acontecer.

13. Mídias sociais também podem criam a ilusão de que você tem opções, o que leva as pessoas a verem o Facebook como um menu de pessoas atraentes ao invés de um meio de manter contato com o s amigos e a família.

14. Você provavelmente não vai ver muito da personalidade genuína e sem filtros de alguém até que vocês estejam em um relacionamento. Geralmente as pessoas tem medo de mostrar como realmente são e parecerem disponíveis demais, ansiosos de mais, nerds demais, bonzinhos demais, seguros demais, não engraçados o suficiente, não bonitos o suficiente, não alguma outra pessoa o suficiente para serem acolhidos.

15.  Qualquer pessoa com quem você se envolver romanticamente, ou vocês vão ficar juntos para sempre, ou vão acabar terminando em algum momento. E ambos são conceitos são igualmente assustadores.

16. Quando vocês estiverem namorando, ao invés de expressar como se sente diretamente para você, é mais provável que a pessoa publique isso no status do Facebook ou Instagram, uma foto tipo Tumblr, de um por-do-sol com uma frase ou trecho de música com as palavras de outra pessoa, e enquanto pode nem mencionar seu nome, é claramente para você.

17. Tem muitas pessoas quem tem zero respeito pelo seu relacionamento e se eles quiserem a pessoa com quem você está, não terão escrúpulos na tentativa de ultrapassar os limites para conseguir conquistar a vítima. Girl Code e guy code são ilusões e código humano não é incorporado em todos.

18. Se você tomar um fora, provavelmente vai ser bem brutal. As pessoas podem cortar laços pelo telefone e evitar ter que ver as lágrimas rolando pelo seu rosto ou terminar tudo por mensagem e evitar ouvir a dor na sua voz e o seu nariz escorrendo. Envie um texto longo e voilá, o relacionamento acabou. O caminho mais fácil está longe de ser o mais atencioso."

Tradução de um artigo em inglês disponível no original em:



terça-feira, 10 de junho de 2014

Pirilampo (3) / Contos (3) / O que que a baiana tem (1)






Creio que, naquele momento, Li-Ming começou a entender o perigo de suas ações e o que o fracasso poderia causar. Nós não falamos novamente da morte de Isendra até a última vez em que a vi. Será que Li-Ming sabia por que Isendra morreu? Sabia como ela foi morta?

Os acontecimentos de Lut Bahadur não arrefeceram nem um pouco o desejo de Li-Ming por conhecimento. Ela ficou obcecada em aprender mais e ter sucesso onde Isendra falhara. Ela passava horas na biblioteca e sempre conseguia entrar onde era proibido. Apesar dos meus esforços, era impossível contê-la. Ela aprendeu magia temporal a partir dos escritos de magos que estenderam seus tempos de vida bem além dos homens normais e leu a respeito de outros que tinham ficado tão poderosos a ponto de iludir a morte, magos como o enlouquecido Zoltun Kell, que substituiu seu sangue pelas areias do tempo e não podia ser morto, apenas aprisionado. Tendo aprendido sobre a teia invisível de poder arcano, Li-Ming dominou a habilidade de se projetar de um lugar a outro com magia de teleportação. Dominou a arte de forjar ilusões vivas e assim criar duas imagens perfeitas de si mesma que imitavam suas ações. Ela leu pergaminhos e interpretou diagramas que ensinavam a desafiar e dobrar as forças invisíveis do universo. Seu poder aumentou muito, assim como minha preocupação.

Da primeira vez que nos encontramos, eu pedi a você que ficasse de olho em Isendra apenas por medo de que ela tentasse alguma loucura. Não questiono a decisão que você tomou.

Um pouco depois disso, Li-Ming fez sua própria escolha.

O teto em abóbada do enorme salão octogonal do Santuário Yshari era pintado com cenas da história dos clãs de magos. Oito portas abriam-se para saguões e outras câmaras, nenhum tão grande quanto o salão principal. Cada centímetro das paredes era coberto por tapeçarias espetaculares, e as lajes do chão vinham das pedreiras além dos Mares Gêmeos.

Quando eu entrei, Li-Ming estava no centro da sala, observando os padrões no assoalho. O salão estava vazio, exceto por nossa presença.

— Eu não queria ir embora sem avisar — começou Li-Ming, ao ouvir meus passos. — Acho que devo isso a você.

— E para onde você está indo? — perguntei.

— Uma estrela cadente atravessou os céus hoje caiu a oeste. Este é o sinal por que eu estava esperando. Você leu os mesmos livros proféticos que eu. Você sabe o que isso significa. Nós esperamos a invasão do inferno há vinte anos, mas ela nunca aconteceu. As histórias e as notícias sinistras que tenho ouvido no bazar me deixaram certa disso. Minha hora chegou.

— O seu lugar é aqui, como estudante do Santuário Yshari. Você é uma fagulha, e nosso mundo está seco e propenso a incêndios. Você não consegue se controlar, e se eu deixar que você parta, o que você pode causar será pior do que qualquer catástrofe que eu possa imaginar.

— Já não tenho mais nada a aprender com você.

— Você se lembra do dia em que nos conhecemos, Li-Ming? Hoje você sabe muito mais do que sabia então, mas você não ficou mais sábia. Se você partir, você será uma mera arcanista.

— Não preciso da sua sabedoria. Eu sou uma arcanista, e vou proteger o mundo, já que os magos não fazem nada! — Li-Ming me virou as costas.— Me deixe seguir meu destino. Você ficará a salvo aqui com seus livros e seus medos.

Ergui as mãos e, canalizando uma pequena quantidade de energia arcana, fiz com que todas as portas do Santuário se fechassem com estrondo. Uma a uma elas bateram até que ficamos presos no grande salão.

— Então eu tenho que deter você. — Enrolei cuidadosamente as mangas de minhas vestes. — Você foi minha melhor estudante, Li-Ming, e eu acreditei que, com o tempo, você poderia me suceder e liderar os clãs de magos. Achei que a aluna superaria o mestre. Lamento muito que as coisas tenham que acabar assim. Talvez o fracasso seja meu.

— Você foi um bom professor, Mestre. E eu aprendi suas lições. Mas você nunca entenderá a dádiva que nos foi dada. É por isso que eu o superarei — bradou Li-Ming, e suas palavras ecoaram pelo salão.

Eu vi os olhos de Li-Ming se estreitarem enquanto ela se concentrava. As tochas presas às paredes começaram a tremeluzir ao começarmos a drenar a energia à nossa volta. As mãos de Li-Ming se moveram para os lados do corpo e seus dedos se curvaram enquanto nos postávamos um diante do outro, imóveis feito rochas na correnteza de um rio. Abaixei meu cajado e o segurei à minha frente, usando-o para focalizar meu poder.

— Você já se perguntou, Mestre, se eu seria mais forte que você?

— Não — respondi sorrindo. — Nunca.

Esperei que Li-Ming agisse primeiro. Ela conjurou bolas de fogo que absorveram a luz das tochas e pareceram ofuscar a luminosidade de fora, mas isso foi apenas uma ilusão dos meus olhos se ajustando ao escuro. A jovem arremessou os orbes contra mim. Eu os repeli para o assoalho, onde eles explodiram, queimando o mármore, mas sem me atingir. O ar ficou incandescente e senti meu fôlego encurtar. Li-Ming olhava para mim com uma expressão divertida, mas já aprontava o próximo ataque. Derrubou grandes blocos de pedra do teto, incendiando-os e arremessando-os em minha direção. Ergui o cajado e liberei uma onda de força. O domo brilhante se expandiu e bloqueou os meteoros incandescentes, estilhaçando-os numa nuvem de pó e fragmentos que recobriram o chão. O escudo translúcido havia me protegido do ataque, mas a reverberação ecoava dolorosamente pelo meu corpo. Em minha juventude, eu mal teria sentido alguma coisa, mas naquele momento eu me prostrei de joelho ao chão. As lajes de mármore ao meu redor racharam com o choque, feito um espelho quebrado, e até Li-Ming cambaleou para trás.

— Você terá que fazer melhor que isso — desafiei.

Li-Ming grunhiu de frustração. Desta vez ela disparou fogo das palmas das mãos em finos feixes iridescentes que avançaram até mim, e tive que me esquivar para escapar. Quando os raios atingiram a parede, marcaram a pedra como a lâmina de uma faca. Os raios estraçalharam o piso de mármore e senti o chão começar a se despedaçar. Estendi os braços para diante, encontrando as pedras que ameaçavam se esfacelar e prendendo-as com fios invisíveis. Se as soltasse, o chão desabaria, e eu junto com ele. Sob o grande salão ficam as catacumbas, e eu não sobreviveria a uma queda daquela altura. O esforço de manter tudo suspenso era demasiado, e os nós de meus dedos ficaram brancos enquanto eu apertava meu cajado.

Li-Ming olhou para o meu lado do salão, onde o chão estava rachado e quebrado. Moveu a mão e a pedra sob meus pés desapareceu. Isendra me ensinara um truque há muito tempo e, lembrando-me dele na mesma hora, eu sumi e reapareci a alguns metros, onde havia apoio para meus pés. A agonia da teleportação, mesmo a tão curta distância, era imensa. Senti como se tivesse sido rasgado em milhares de pedaços e então costurado com linha incandescente. Era impossível saber o que doía mais. Li-Ming destruiu meu novo apoio e me teleportei outra vez. Repetimos essa dança por algum tempo, mas minhas reações ficavam mais lentas a cada vez, e eu sentia a batalha exigindo mais do que o meu velho e frágil corpo podia dar.

Bati com meu cajado no chão e o impacto soou como um trovão. Em um piscar de olhos, arcos de relâmpago faiscaram pelo salão. Onde eles pousavam, o chão explodia lançando estilhaços de mármore para o alto. O relâmpago explodiu com força percussiva e partiu em direção a Li-Ming. Mas sem acertá-la. As rebarbas retorcidas de luz congelaram no ar enquanto Li-Ming estendia os braços para diante, se concentrando intensamente. Sem me deixar deter, continuei a evocar o relâmpago, e a tempestade ficou mais e mais forte. O relâmpago se abatia sobre Li-Ming como um leque aberto até que ela não pôde mais contê-lo. A eletricidade se propagou através dela e a arremessou no chão, explodindo ao redor numa cascata de faíscas e luz branca.

Li-Ming desapareceu.

Sem saber das intenções dela, incendiei a tempestade, e a eletricidade explodiu em um inferno de chamas que preencheu todo o grande salão e chegou a calcinar minha carne, ameaçando exaurir o que me restava de força. Quando Li-Ming apareceu novamente, estava cercada pelas chamas. Ouvi seus gritos conforme o fogo a queimava. As lajes estremeciam sob meus pés enquanto eu me aproximava. Mantendo o feitiço que impedia o chão de desabar, apontei meu cajado para a silhueta enrugada da arcanista.

O piso pareceu sólido, e eu me postei diante de Li-Ming, aliviado por conseguir me apoiar no chão.

— Você ainda tem muito o que aprender, Li-Ming.

Tentei golpeá-la com meu cajado, mas não atingi coisa alguma: o corpo de Li-Ming havia se dissolvido no ar.

Eu me virei a tempo de vê-la atrás de mim. Abri a boca e tentei lançar um feitiço, qualquer feitiço, mas uma explosão me desconcentrou. Perdi o controle do encantamento e do chão partido a meus pés. O chão tremeu, se despedaçou e tudo desabou. Caí longamente nas trevas, até bater no chão de pedra fria das catacumbas.

Eu fiquei lá, sentindo meu corpo maltratado doer, e me vi cercado pelo cheiro de fogo e poeira. Li-Ming flutuou até onde eu estava e pousou, ajoelhando-se perto de mim.

— Você acha que eu não aprendi suas lições, mas eu aprendi. Aprendi a lição da morte de Isendra. Mas eu recebi meu poder por um motivo, e é meu fardo usá-lo. E vou usá-lo, não vou ter medo dele como você.

— E se você não conseguir controlá-lo? — Minha voz saiu num sussurro rouco. — Com seu poder, você pode destruir o mundo.

— Então que o mundo chore. — Li-Ming virou as costas para mim. — Há algo que preciso perguntar, Mestre.

Fiquei quieto, pois sabia o que viria em seguida. Não havia mais nada que Li-Ming pudesse aprender comigo.

— Por que Isendra morreu? Me diga a verdade.

— Eu sei apenas o que você já sabe.

Li-Ming assentiu com a cabeça e começou a levitar.

Abri a boca para falar novamente, mas as sombras engolfaram tudo.

Quando acordei, dias depois, Li-Ming havia abandonado a cidade, e ninguém sabia para onde ela tinha ido. Disseram-me que era impossível esconder o acontecido, pois a coluna de fumaça que se ergueu do Santuário foi vista por toda Caldeum, e do lado de fora era possível perceber as marcas da batalha nas pedras destruídas e rachadas.

Aqui termina meu conhecimento acerca da história da arcanista, e minha decisão me aguarda. Quando os magos ameaçaram destruir nosso mundo, um mestre Vizjerei fundou a ordem dos assassinos, os caçadores de magos, que garantiriam que jamais ficaríamos tão poderosos a ponto de ameaçar o mundo. Ele se postou aqui em meu lugar, e falou com o primeiro assassino assim como eu agora estou falando com você, e assim ele condenou muitos grandes magos à morte.

Quanto a mim... Esta será a segunda vez que eu faço isso.

Acredito que ela sabia que fui eu quem enviou você para vigiar Isendra... e apesar disso... ela me deixou viver, sabendo que assim como eu selara o destino de Isendra, eu faria o mesmo com ela.

Saiba, no entanto, que Li-Ming não mentiu. Há livros em nossa biblioteca que descrevem os eventos que podem estar acontecendo neste exato instante. Tudo começa com uma estrela caindo dos céus, e uma estrela caiu no dia em que eu lutei contra Li-Ming.

Conheço a verdadeira natureza da magia, e de quem e do que eu sou. Li-Ming também sabe disso, mas escolheu outro caminho. Esse é o quebra-cabeças diante de nós, assassino. Eu sei do mal que nos espreita, mas temo o que Li-Ming possa tentar fazer. Assim, condeno à morte minha aluna mais brilhante, talvez a maior esperança de salvação do mundo, e rezo para que eu tenha tomado a decisão certa.

Ainda me lembro de uma menina que ficou diante de mim aqui nesta sala, sem temer nada. Lembro de uma jovem altruísta que queria fazer o bem, para quem tarefa nenhuma era pesada demais, para quem nada era impossível. Uma jovem que me procurou em busca de orientação.

Ela fez a escolha dela, e eu fiz a minha.



domingo, 25 de maio de 2014

Pirilampo (2) / Contos (2) / O caminho do arcano (1)





Li-Ming estava usando um de seus encantamentos favoritos, que gerava uma fina camada de geada ao seu redor. O gelo no ar derretia tão rápido quanto ela o criava, e assim, a olho nu, parecia que Li-Ming estava cercada por uma leve névoa. Ao descer do camelo ela não usou o estribo e foi baixando lentamente no ar como se correntes invisíveis a sustentassem, até tocar suavemente o chão. Aquilo atraiu a atenção de algumas pessoas que estavam na rua.

— Você tem que usar sua magia assim, de forma tão pouco discreta? — perguntei, irritado.

— O calor está insuportável, Mestre. Eu não sei como o senhor aguenta.

— Eu aguento porque é necessário — respondi enquanto descia do camelo. — Você não fará muitos amigos se comportando assim.

— Você só se preocupa com meu comportamento quando é conveniente me repreender.

— É culpa minha que isso aconteça com tanta frequência?

Embora protestasse, Li-Ming dissipou o feitiço ao se aproximar de mim. A leve umidade que a cercava sumiu imediatamente, absorvida pelo ar do deserto.

— Nós estamos aqui para observar e fazer algumas perguntas, nada mais — lembrei-lhe.

—Observar e fazer algumas perguntas. Nada mais — repetiu Li-Ming.

— Cuide dos camelos — ordenei, ignorando a provocação.

— Não era para observar?

— Depois de cuidar dos camelos — confirmei. — Vou encontrar Isendra.

— Isendra está aqui? — Li-Ming se animou.

— Sim, está. Mas fique aqui. E... Li-Ming...?

— Sim, Mestre? — ela perguntou, solícita.

— Tente não se meter em encrenca.

Li-Ming sorriu.

Protegida pela parede do cânion, Lut Bahadur ficava resguardada quando o vento escaldante soprava de oeste para leste, mas quando ele soprava de outra direção, a cidade ficava exposta. Havia sinais de que o povo tentara construir uma proteção contra o vento, mas esta ruíra há muito. Naquele dia o vento soprava do leste, mas não tão forte que tornasse perigoso ficar ao ar livre. Li-Ming amarrou os camelos perto do poço e olhou por sobre a beirada para o fundo. Eu não precisei olhar para saber que estava vazio. A água estaria estocada em jarros, embora provavelmente não restasse muita. Eu me dirigi até um dos homens sentados sob a sombra inútil de um toldo rasgado e perguntei onde eu poderia encontrar a feiticeira.

Subitamente a terra sacudiu, rolando feito ondas sob nossos pés, e então um tremor mais forte me jogou ao chão de terra batida. Quando olhei para cima, vi Li-Ming com os braços erguidos na altura dos ombros. Seus dedos se moviam como se ela manipulasse os fios de marionetes numa peça.

Tinha sido obra dela.

— Li-Ming! O que você fez? — gritei. O tremor continuava.

— Venha aqui e veja isso — Li-Ming respondeu, orgulhosa, apontando para o poço. Levantei-me e fui até ela, sentindo o chão tremendo sob meus pés. Quando me curvei sobre a borda do poço, vi o brilho fraco de água se infiltrando através da crosta seca no fundo. Li-Ming trouxera água, água de que a cidade precisaria para sobreviver.

— Eu encontrei água bem fundo, talvez um rio subterrâneo que escoa no Oásis de Dahlgur. Desviei o fluxo para encher o poço. A cidade...

— Já chega — interrompi, severo. — Eu disse que viemos aqui para observar e fazer algumas perguntas, nada mais.

— Nós podemos fazer mais, Mestre. Podemos construir um novo quebra-ventos ou consertar o que foi destruído pelas tempestades de areia. Você sempre diz que não devemos fazer nada. Mas por que nós temos essas habilidades, se não para ajudar os outros?Eu estive pensando, Mestre... talvez com nossa magia nós possamos reverter o calor e acabar com a estiagem.

— Nós não faremos coisa alguma. Não é o nosso papel. E você melhor do que ninguém deveria entender as consequências se nós tentássemos alterar o clima numa escala tão grande — repreendi. — Você já se esqueceu do seu erro?

— Eu não sou mais a menina que eu era. Eu aprendi. E nunca vou permitir o sofrimento dos outros! — devolveu Li-Ming.— Me diga por que não podemos ajudá-los. Me diga por que isso seria tão errado.

Apontei para o poço, agora cheio de água, e disse:

— De onde vem essa água? Para onde ela foi? Será que a água que chegava ao oásis virá até aqui sem nenhum efeito colateral? Não se pode criar a partir do nada. Você soluciona um problema e cria mais dez.

Li-Ming era jovem e não se preocupava com detalhes. Ela agia impulsivamente, e só via o que acontecia no momento.

— A água já estava ali, Mestre. As pessoas podiam ter cavado mais fundo por elas mesmas. Eu só facilitei.

—Seu altruísmo lhe faz grande honra, Li-Ming, mas nós, magos, não podemos fazer isso. Sim, às vezes é possível usar magia para ajudar as pessoas, mas não toda vez, e antes de agirmos é necessário considerarmos cuidadosamente os custos envolvidos. Isso não está aberto a discussão. Você vai me ouvir.

— Mas Li-Ming está certa — respondeu uma voz de mulher.

— Isendra! — exclamou Li-Ming, correndo na direção da feiticeira, que a abraçou com carinho.

— Este problema não nos diz respeito, nem a você — retruquei. — Li-Ming, deixe-me falar com Isendra. A sós.

Li-Ming franziu a testa e abriu a boca para falar, mas se conteve. Ela nos deixou e se uniu aos homens e mulheres que estavam indo buscar água no poço, carregando jarros e outros vasilhames. Fiquei olhando enquanto ela se afastava.

— Se esse problema não nos diz respeito, então por que estamos aqui? — perguntou Isendra.

— Às vezes você e ela ficam parecidas demais — resmunguei. — Ela me disse a mesma coisa.

— E como ela está?

— Não mudou muito com os anos. Continua tão impetuosa quanto no dia em que a conhecemos. Me pergunto se fizemos bem ao ensiná-la.

— Ela não se contenta em deixar as coisas como estão. Ela quer melhorar a vida das pessoas.

— Ela não pensa nas consequências. Ela vive no aqui e agora, mas eu e você sabemos que é necessário ter muito mais em mente. Esse é o nosso fardo, liderar os clãs de magos.

— Li-Ming pode bem estar certa. Nós três somos os magos mais poderosos de hoje. Unindo nossos poderes, por que não acabar com este verão e restaurar a ordem normal das estações, não acha?

— Esse pensamento tem origem nas emoções, não na razão — argumentei. —Nós não podemos alterar o clima. Não vai funcionar.

— Li-Ming jamais diria isso — retrucou Isendra.

— Você não é Li-Ming. Ela é uma menina tola.

— Você vê uma menina. Eu vejo uma mulher que pode salvar este mundo.

— Profecia. Destino. — Dei de ombros. — Quem sabe o que o dia de amanhã trará? Se isso vier a acontecer, você e eu enfrentaremos a situação e talvez Li-Ming lute ao nosso lado. Mas ela não é a única que pode. E como vamos saber se as profecias são verdadeiras? Os Lordes do Inferno deveriam ter atacado há vinte anos. Nosso maior medo deve ser o medo de nós mesmos.

— Você se tornou um homem medroso depois de velho — desafiou Isendra.

— E você ficou descuidada. Você não irá interferir.

— Farei o que eu preciso fazer — replicou Isendra, se retirando. — Assim como você.

Depois que Isendra saiu, fiquei observando Li-Ming. Ela estava ajudando um menino que desmaiara de calor. Ele estava febril. Suas bochechas estavam vermelhas e suor porejava em sua pele. Li-Ming lançou um feitiço e o ar em volta de suas mãos esfriou. Quando ela levou as mãos para perto do rosto do menino, ele suspirou pacificamente enquanto uma leve brisa soprava os cachos de cabelo grudados em sua testa.

— Obrigada — disse a mãe do garoto. — Andam falando de você. Mas você restaurou nosso poço e salvou meu filho... Isso não me parece errado.

Li-Ming sorriu e se levantou, mas quando chegou perto de mim sua expressão estava séria.

— Essas pessoas vão morrer — disse a jovem.

— Pode ser. Mas nossa interferência talvez não impeça isso.

— Nós jamais saberemos, não é? — Li-Ming protestou, seus olhos castanhos buscando os meus. — Você verá os rostos deles em seus sonhos?

— Deles e de muitos outros. Esta é a nossa maldição, Li-Ming, e você vai aprender isso dolorosamente. — Coloquei minha mão gentilmente em seu ombro. — Vamos embora.

Eu sei que já contei essa história da última vez em que conversamos, mas omiti o papel de Li-Ming nela, pois então era Isendra quem me preocupava na época. Você sem dúvida concordará que minhas ações foram corretas, mas eu não sou um monstro. Como sempre quando forçado a encarar essas situações, eu sentia grande tristeza por não poder agir como Li-Ming gostaria e ajudar o povo de Lut Bahadur. Era uma discussão frequente em nossas vidas. Eu simpatizava com as ideias dela mais do que ela imaginava.

Pouco tempo depois você e eu nos conhecemos, pois eu me preocupava com Isendra e as decisões que ela tomaria. Em meu coração eu tinha certeza de que o assunto não estava encerrado.

Suspeito que você saiba um pouco do que aconteceu em seguida, detalhes que eu não conheço. Foi aí, eu acho, que Li-Ming começou a considerar a decisão que nos levaria ao desastre.

Meses depois, em uma hora perdida da noite, minha porta se abriu e Li-Ming entrou. Ela não costumava bater, uma peculiaridade de sua personalidade com que eu tive que me acostumar. Ela me visitava cada vez mais raramente. Li-Ming parecia ter acordado às pressas. Seu traje, normalmente impecável, parecia ter sido vestido às pressas, e eu vi na furtividade dos seus olhos que algo a preocupava.

— Você está sentindo? — ela perguntou.

— Não sinto nada.

— Um feitiço poderoso foi lançado a leste daqui. Não muito longe. Precisamos ir. Algo aconteceu.

— Podemos ir pela manhã — contestei.

— Você precisa tanto assim de descanso, vovô? — Li-Ming falou com irritação, e então ficou séria. — Foi Isendra, Mestre.

Fiquei em silêncio, pois não sabia o que dizer. Mas cedi.

Saímos do Santuário Yshari e partimos em direção a Lut Bahadur. Era para estarmos no inverno, o terceiro inverno desde que o verão interminável começara, e o ar da noite estava tão seco e quente como ao meio-dia. Apenas a ausência do sol nos dava um pequeno conforto. Parecia que estávamos perto de um forno de vidraceiro. O suor escorria pelo meu corpo, e minhas vestes grudavam na minha pele.

Li-Ming não falou nada enquanto seguíamos.

Lut Bahadur estava quieta quando chegamos. Mesmo àquela hora o vento soprava areia pelo deserto, e o único outro som que se ouvia era o leve bater das roupas estendidas em varais perto de cada cabana. Ninguém andava pelas ruas, embora os lampiões ainda estivesse acesos.Masmeus pensamentos se ocupavam de outra coisa.

O ar estava frio.

Um arrepio correu entre meus ombros e por meus braços enquanto entrávamos na cidade. O vento frio roçava meu corpo e, depois de tanto tempo suportando o calor, meu corpo parecia rejeitar a sensação. Mas aos poucos eu senti meus músculos relaxando como se a tensão causada pelo calor interminávelestivesse se desfazendo com a carícia suave da brisa fresca.

Li-Ming evocou orbes de luz e os despachou pela cidade. Ao desaparecerem de vista, a luz bruxuleante iluminava o chão e os lados dos prédios pelos quais passavam. Aquilo era algo novo. Eu não conhecia esse feitiço.

— O que foi aquilo? — indaguei.

Li-Ming ignorou minha pergunta e disse:

— Você está sentindo o ar?

— Está frio.

— Não, não isso — corrigiu Li-Ming. — Há eletricidade no ar. Eu nunca senti isso assim tão forte, e por isso não sabia dizer se a causa era um feitiço ou alguma outra coisa.

Li-Ming falou e calou-se, e eu senti a preocupação que emanava da minha estudante.

Eu a segui enquanto ela avançava decididamente por ruas sinuosas, virando em certos pontos. Era tarde da noite, mas ainda assim estava quieto demais. Os toldos de lona se enfunavam sem produzir som, enquanto o vento enfraquecia. Não havia som além dos nossos passos contra a terra batida. Eu ouvia as batidas de meu coração ansioso. Caminhamos por entre as ruas abandonadas até que ela finalmente se aproximou da porta de uma casa e a abriu.

— O que você está fazendo? — sussurrei, entrando logo atrás de Li-Ming, consciente do barulho de minhas botas no chão.

Eu abri a boca para repreendê-la e estendi a mão para tocar seu ombro, mas as palavras morreram em minha boca e minha mão parou. Dentro da casa, parecia que o tempo havia parado de correr. Um homem, uma mulher e uma criança estavam sentados ao redor de uma grande mesa, mas não perceberam nossa intrusão. Estavam frios e rígidos feito estátuas. Os lábios da mulher se abriam para pronunciar uma palavra que jamais fora dita. Ao lado dela, o homem se voltava para encarar a criança, que estendia o braço sobre a mesa. A comida parecia ter sido preparada e servida há pouco tempo, mas não havia calor. Era como se a luz do luar tivesse sugado toda a cor e o calor da cena diante de mim.

— O que aconteceu aqui? — perguntei em voz baixa.

— Eu não sei com certeza — respondeu Li-Ming enquanto andava pelo cômodo, seus olhos vendo sem ver, seguindo os rastros invisíveis de energias arcanas que eu não conseguia discernir. — A forma do feitiço desaparece com o tempo. É como tentar apreender o tamanho de uma tempestade depois que ela acabou, usando apenas as poças no chão e as nuvens restantes no céu.

Saí, sem esperar enxergar algo que eu não via, e aguardei Li-Ming do lado de fora. Alguns minutos depois, ela retornou.

— Ela tentou roubar o calor do ar para esfriá-lo, mas o feitiço fugiu ao controle. O frio irrompeu e o ar congelou.

— Ela? — perguntei, embora eu já soubesse a resposta.

— Isendra. Eu reconheço o padrão da magia dela, assim como conheço o seu. E não há muitos magos que poderiam ter tentado executar o feitiço que foi lançado aqui.

— Como isso aconteceu?

— Ela não foi forte o suficiente. No início estava indo bem, mas quando o feitiço se tornou mais forte, sua estrutura enfraqueceu e se desfez. — A voz de Li-Ming falseou. — A culpa é minha.

— Isendra pode estar precisando de nós. — Temos que encontrá-la.

Li-Ming lançou as esferas de luz para nos ajudar em nossa busca. E em todas as casas a mesma cena nos recebeu: todos os moradores congelados como estátuas em um estranho museu, como em um cemitério silencioso. E não havia sinal de Isendra.

Uma hora se passou até que a encontrássemos. A cabana se parecia com as outras, mas Li-Ming tinha certeza de que Isendra estaria lá dentro. A jovem feiticeira parou por um momento antes de empurrar a porta de ripas. Eu a segui.

Por dentro, a cabana revelava-se diferente. Enquanto as outras permaneciam numa quietude inquietante, nesta eram claros os sinais de uma luta violenta. Havia grandes manchas negras nas paredes onde os tijolos de barro foram calcinados por fogo. As mesas, cadeiras e outros móveis haviam sido queimados e derrubados, e havia um forte cheiro de cinzas no ar. Ali eu consegui sentir alguma coisa, mas não as evidências de magia que Li-Ming percebia. Era uma reação primitiva e instintiva que fez os pelos do meu braço se arrepiarem. Então vi aquilo que eu temia: Isendra, caída desajeitadamente como uma boneca jogada fora. Sanguese acumulava em poças no chão de madeira, escorrendo das feridas nos braços e estômago. A pele estava enegrecida, e a cabeça virada para um lado, os olhos vagos encarando as tábuas do chão.

Li-Ming correu até Isendra e se ajoelhou ao seu lado. Ela acolheu o corpo sem vida da feiticeira em seus braços enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.

— O que aconteceu aqui, Mestre? — Li-Ming perguntou.

Eu sacudi a cabeça. Nós permanecemos lamentando em silêncio por algum tempo. Então Li-Ming soltou delicadamente o corpo de Isendra e se levantou.

— Nem todo esse fogo foi criado com magia — afirmou. — A magia do feitiço de Isendra já está se dissipando, mas há um traço mais recente. Isto aconteceu depois.

— Quando um mago perde o controle de um feitiço os resultados podem ser caóticos — observei. — Eu já testemunhei isso várias vezes.

— Ela não foi morta por magia, Mestre.

— Talvez não, mas a magia fez com que isto acontecesse. A cidade foi destruída e Isendra morreu. Quem ela conseguiu proteger? Quem ela conseguiu salvar? Me responda! — Minha voz soava alta em meio ao silêncio inquietante.

— Você está cego! — gritou Li-Ming, raivosa. —Isendra tentou ajudá-los. Isso é mais do que você jamais fez. Eu não vou ficar só olhando e assistindo as pessoas sofrerem. Nunca mais , principalmente agora que chegou a época em que o mundo precisa de mim.

— E as pessoas irão pagar com as próprias vidas pelo seu fracasso, da mesma forma que esta cidade pagou pelo fracasso de Isendra? Você irá sacrificar inocentes por suas noções infantis de heroísmo?

— Não — respondeu Li-Ming calmamente.

Por um momento minha aluna brilhante pareceu novamente uma menina. Olhei com tristeza para a silhueta tombada de minha amiga, que já nãoparecia a pessoa com quem convivi por tantos anos, e me calei.

Quando chegou a hora de partir, Li-Ming ateou fogo à cabana com um feitiço. Isendra, sua antiga mestra, ficou repousando pacificamente no chão, de olhos fechados. O dever de Isendra fora cumprido. Enquanto o fogo aumentava e as chamas se erguiam, águabrotava e escorria por seu rosto feito lágrimas. Guiei Li-Ming para longe da casa pelo braço.

Os olhos de Li-Ming encontraram os meus. A mágoa e a raiva ainda estavam ali, mas o que eu mais me chamou a atenção foi uma determinação sinistra:

— Mas eu não vou fracassar.


Nós atravessamos a cidade silenciosa, perdidos em nossos próprios pensamentos. Saber o que cada casa escondia me deixava inquieto. Olhei para trás para observar Lut Bahadur enquanto nos afastávamos, as estradas iluminadas pela luz de mil lampiões bruxuleantes que sumiam na noite como um enxame de pirilampos.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Pirilampo (1) / Contos(1)



Pirilampo (por Michiael Chu)


Eu peço seu perdão, pois há muito o que falar sobre a arcanista, e eu sou o único que pode contar toda a sua história. Este é meu fardo, bem como o que me aguarda depois. O final não é um grande mistério. Está escrito nas pedras estilhaçadas e paredes esfaceladas ao nosso redor e é sussurrado nos boatos que saem de todas as bocas.

Mas, quando o assunto é magia, nada é tão simples, e esteja certo de que o que você viu e ouviu não é toda a história.

Enquanto eu convalescia em minha cama, após os médicos descartarem risco de vida, eu não tinha nada para fazer além de revisitar as lembranças distantes dos dias antigos, em busca do padrão que prenunciasse esta grande catástrofe. Eu a conheço melhor do que qualquer um, melhor do que ela própria, embora ela jamais vá admitir isso. Ela pode muito bem ser a mais poderosa arcanista de nossa era. Seu coração é puro e ela não quer nada além de fazer o bem, mas ainda é tola às vezes e se crê invencível. Erros da juventude e da genialidade. Não há regra que ela não quebre, e ela jamais entendeu o significado das palavras "não pode" e "não deve". Foi assim desde que nos conhecemos, há tantos anos.

Em um dia parecido com este.

Isendra, a feiticeira, veio até meus aposentos trazendo uma jovem à sua frente. As duas eram tão diferentes quanto fogo e gelo. Isendra tinha uma aparência régia e resplandecente, vestida numa bela túnica verde, coberta de joias de ouro, enquanto a jovem parecia um pássaro amedrontado e curioso com a cabeça indo de um lado a outro e os olhos disparando por toda parte, fascinados pelos objetos em volta: os livros nas prateleiras, as fileiras de frascos cheios de líquidos e pós estranhos e os instrumentos arcanos cujo uso era um mistério para mim. A túnica da jovem não passava de trapos rotos e manchados de suor e poeira. Ela passaria facilmente por uma das crianças de rua que atormentavam os mercadores ricos no bazar de Caldeum. Seus cabelos negros eram um ninho de passarinho, embaraçados e quebradiços, empastados de lama e pó como o resto. Sua pele estava queimada de sol e seus lábios estavam rachados e descascando.

— Então esta é a garota? — perguntei a Isendra, olhando para a criança andrajosa diante dela.

Isendra olhou para a garota, hesitante.

— Eu a encontrei no pátio duelando com Mattiz, Allern e Taliya.— A voz da feiticeira evidenciava irritação.— Eles estavam ansiosos para aceitar o desafio.

— Ela não parece machucada — respondi. — E quanto aos outros?

— Mattiz e Allern estão sendo atendidos pelos médicos. Taliya machucou somente o orgulho próprio.

A menina sorriu ao ouvir aquilo.

— Talvez tenha sido melhor assim — observei. — Aqueles três bem merecem uma lição de humildade. Falarei com eles mais tarde.

— Mas você vai falar comigo agora, vovô — disse a menina. Ela tinha uma voz forte de comando, amplificada pela coragem nascida da confiança infantil.

— Ela fala! — comentei e sorri para Isendra.

— Ah, fala — disse Isendra, secamente. — E bastante.

— Quem é você? — perguntou a menina. — Por que você me trouxe aqui?

— Eu sou Valthek, alto conselheiro dos Vizjerei e mestre dos clãs de magos do Santuário Yshari.

A menina ficou em silêncio por um bom tempo, me observando.

— Você? — ela perguntou por fim.

Eu ri.

— Diga-me, menina, quem é você e por que você veio? Com certeza você ambiciona algo mais do que mandar meus aprendizes para a enfermaria.

— Meu nome é Li-Ming. E eu não sou uma menina. Eu sou uma arcanista.

— Eis aí uma declaração ousada — ironizei. Tive que me esforçar para conter o riso ao ouvir a menina usar o título de "arcanista", reservado apenas aos magos mais famosos da história, sempre citados pelo povo e pelos conhecedores das artes arcanas com medo e pavor.

— Não são só palavras — retrucou Li-Ming, com um tom sinistro.

Ergui a mão para acalmá-la e disse:

— Então me mostre.

Eu mal acabara de falar quando um forte sopro de vento cruzou a minha mesa, espalhando todos os papéis, livros e tinteiros e derrubando tudo no chão em um monte desordenado. Minha expressão permaneceu neutra, e foi interpretada pela menina como um pedido de bis. Li-Ming abriu os braços e criou duas bolas de fogo na palma das mãos. O fogo se insuflou até o teto, a explosão de ar quente soprou seus cabelos em desalinho, e as chamas refletiram naqueles olhos castanhos.

Eu dei de ombros, dizendo:

— Um mero truque de palco.

Li-Ming rilhou os dentes, frustrada. Fechou as mãos e as chamas desapareceram, embora o calor persistisse. Com outro movimento do braço, serpentinas incandescentes, vermelhas e cor de laranja, ganharam vida e dançaramem cima de minha mesa. A jovem moveu o braço novamente e fileiras de livros saíram das prateleiras e ficaram suspensos no ar. Ela os fez flutuar numa fila pela sala e eles a cercaram girando como se capturados por um redemoinho. Então, empilhou os livros um a um, no formato de um trono, sentou-se nele e me encarou.

A novata ergueu uma sobrancelha e eu respondi com um aplauso comedido.

— Isso é o melhor que você pode fazer, menina? — perguntei. Movi a mão displicentemente e as chamas em minha mesa se apagaram. Os livros em que ela se sentava caíram no chão, desordenados. Li-Ming se levantou com um pulo e evitoucair junto com o trono. — As pessoas temiam os magos chamados arcanistas. Eles deixaram o mundo à beira da destruição muitas vezes, e seu imenso poder incontido fazia a terra tremer com seus planos. Eles se associavam com demônios do Inferno Ardente e faziam pactos para condenar todos nós. Trapaceavam a morte e destruíam o próprio tecido da realidade. Você bagunçou os objetos de um velho e ateou fogo numa mesa.

— Eu consigo fazer mais — argumentou ela, defensivamente.— Um dia eu vou ser a maior arcanista do mundo.

— Pela minha experiência, é possível esperar um longo tempo por esse dia e ainda se desapontar quando ele finalmente chega.

— O senhor ouviu falar do milagre do Vale do Rio das Garças?

— Eu ouvi falar dessa história. Algo sobre uma seca, e uma jovem que tentou melhorar as coisas — respondi distraidamente. — Parece que chamaram essa menina de arcanista.

— Essa arcanista sou eu — orgulhou-se Li-Ming. — Fazia meses que não chovia e o Rio das Garçastinha secado quase completamente. Os campos tinham secado. O povo do vale achava que não havia nada a fazer a não ser esperar que os deuses nos salvassem. Mas eu sabia que podia fazer o que os deuses não podiam.

— É mais prudente não falar dos deuses tão levianamente. Você verá.

Li-Ming ignorou meu comentário e continuou:

— Eu procurei por toda parte. Coletei água de poços no fundo da terra e dos últimos fiapos de água que restavam em leitos de rio rachados. Juntei toda a água que consegui e a lancei ao vento para criar uma tempestade. Nada aconteceu a princípio, e as pessoas me chamaram de tola por ficar agitando os braços e orando por chuva. Mas eu sabia. As horas se passaram e o céu escureceu. Nuvens cinzas diáfanas apareceram, preenchendo o horizonte e aumentando de tamanho até obscurecer o sol completamente. As nuvens pesadas de chuva ficaram da cor da noite, e suas sombras se espalhavam pelos vales. Os que tinham rido começaram a acreditar. O som de trovão ecoou de todas as direções e clarões de luz acenderam as nuvens por dentro. O ar ficou úmido e eu senti o frescor na pele. A névoa desceu das montanhas e tornou-se garoa, a garoa tornou-se chuva, que se tornou um aguaceiro. A terra bebeu tudo e o Rio das Garças voltou a fluir. Isso é o que eu posso fazer.

Isendra parecia incrédula. Ela disse:

— Nenhuma criança conseguiria fazer isso.

— Só porque você não consegue não quer dizer que eu não consiga — disse Li-Ming à feiticeira, duas décadas mais velha.

— Eu também não acreditei, a princípio — expliquei a Isendra. — Mas ouvi as histórias a respeito. Aconteceu exatamente assim. Exceto por alguns detalhes que ela não mencionou.

O sorriso desapareceu do rosto de Li-Ming, embora seu queixo ainda estivesse erguido em desafio. Insisti:

— Depois que a chuva veio e passou, a seca voltou nos meses seguintes, pior do que antes. As pessoas apontaram os dedos para a arcanista que havia trazido a chuva e a culparam de tudo.

Com a voz suave, Li-Ming explicou:

— Os que tinham me louvado exigiram que eu fosse expulsa. Meu pai e minha mãe concordaram. Eu só queria ajudar. Não sabia o que iria acontecer.

— As pessoas não confiam em magos. Elas temem o que não compreendem. Qualquer mago treinado no Santuário Yshari saberia dos perigos envolvidos no que você tentou fazer. — Ofereci um sorriso à menina e continuei.— E devo dizer... se eles tivessem tentado a mesma coisa, não creio que teriam conseguido nem metade do que você fez.

Li-Ming percebeu minha mudança de atitude e pediu:

— Então me ensine.

— Eu considerei isso. Mas agora que a conheci, não tenho certeza se você tem o que é preciso para estudar aqui. Você tem muito a aprender, mais ainda a desaprender, e não sei se você tem força de vontade para ir até o fim.

— Você não sabe o que diz! Eu sou mais forte que os seus aprendizes. Traga todos aqui e eu vou lhe mostrar! Eu enfrento até você se for preciso, vovô. Não importa. Atravessei mar e deserto para estudar aqui, e eu vou.

— A decisão não é sua. É minha — afirmei.

— Deixe-me ensiná-la — Isendra interrompeu abruptamente.

— O quê? — indaguei.

Li-Ming olhou desconfiada para a feiticeira.

— Tem algo diferente nessa menina. Como você disse, pode não dar em nada, mas eu e você vemos potencial nela. Pode acontecer, um dia, de nós precisarmos dela, e então nos arrependeremos de tê-la mandado embora. — Isendra sorriu. — E talvez eu veja um pouco de mim nela.

Li-Ming sacudiu a cabeça e reclamou:

— Eu não quero você. Quero que o vovô ali me ensine.

Isendra franziu a testa.

— Você devia estar feliz. Eu lutei contra os Senhores do Inferno quando você não passava de um brilho no olho do seu pai. E não fiz isso para acabar ensinando magia a uma criança mal-educada, mas eis a minha oferta.

— E minha resposta é não — desdenhou Li-Ming.

Eu fiquei em silêncio enquanto considerava se devia permitir tal parceria. Isendra não tinha páreo em suas habilidades e era quase como eu. Toda a sua experiência com certeza fascinaria a menina e prenderia sua atenção. Mas eu tinha algumas preocupações.

— Quietas, as duas — exclamei ao me levantar. — O conhecimento de Isendra sobre magia elemental rivaliza com o meu, e creio que vocês descobrirão que têm muito em comum. Não poderia haver melhor professora. Se eu fosse você, rezaria para que Isendra não reconsidere a oferta. Aceite-a, ou então vamos ver como você se sai sozinha. A história está cheia de arcanistas esquecidos que nunca deram em nada.

Li-Ming mordeu o lábio e resmungou:

— Eu não posso opinar?

— Não — respondi. — Não pode, não.

Aquele foi nosso primeiro encontro, e eu ainda me lembro bem de tudo. Isendra dedicou-se ao papel e tornou-se mentora de Li-Ming, que, por sua vez, adquiriu um profundo respeito pela mestra. Elas eram mais parecidas do que Isendra ou eu suspeitávamos. Mas Li-Ming logo exauriu o conhecimento da mentora. O relacionamento delas mudou e Li-Ming passou a tratar a feiticeira mais como uma igual do que como uma professora. Isendra também estava mudando, e isso me preocupava. Ela era muito permissiva com o comportamento da jovem. Sem ter o que aprender, Li-Ming seguiu a curiosidade natural que sempre a instigara, e então os problemas começaram.

Quando surpreendi Li-Ming fuçando as prateleiras da biblioteca que abrigavam textos proibidos, considerados perigosos demais para estudo, percebi que precisava agir. Assumi o treinamento de Li-Ming apesar dos protestos de Isendra e passei a vigiá-la de perto. Tentei estruturar e disciplinar a vida de Li-Ming e apresentar a ela uma linha de estudos que levaria seus interesses para áreas mais aceitáveis.

Sem a responsabilidade de ensinar Li-Ming, Isendra já não tinha muito o que a prendesse no Santuário Yshari e agora passava poucos dias ali. No entanto ela permaneceu uma grande amiga, e seus conselhos sempre foram valiosos. Quando nós três nos reencontramos muitos anos mais tarde, Isendra havia começado uma nova vida longe do Santuário e de sua antiga estudante.

Eu gostaria de poder contar com sua sabedoria agora.

O verão deveria ter dado lugar aos dias frios de outono e inverno, como é a ordem natural das coisas, mas depois de um ano o calor sufocante continuava desde os confins do império ao sul até as Estepes Áridas ao norte. Ainda era o começo do reino do Imperador Hakan II, e os supersticiosos falavam sobre aquilo ser um mau presságio para o governo. Mesmo no deserto o clima piorou de forma nunca vista. O calor implacável cobria tudo. Tempestades de areia e redemoinhos grassavam pelos ermos escaldantes. Os Mares de Areia faziam jus ao nome. As dunas se moviam criando um cenário inconstante, desencavando enormes protuberâncias de pedra com bordas afiadas o suficiente para rasgar carne e osso como dentes monstruosos se erguendo da areia quese tornara vermelha como se tingida de sangue. O deserto engoliu vilarejos inteiros, deixando apenas alicerces nus de pedra ou algumas paredes de lama onde antes havia casas.

Mais um ano se passou e o verão não dava sinais de acabar. O império secou. Mandei uma mensagem para Isendra, pedindo que ela investigasse possíveis causas para aquele clima. Saí de Caldeum e fui para o coração do deserto junto com Li-Ming para tentar descobrir alguma pista.

Vários meses se passaram, mas estávamos voltando para casa com mais perguntas do que respostas. Li-Ming e eu viajávamos de camelo, e um dia Lut Bahadur lentamente apareceu no horizonte. Era uma das maiores cidades das Fronteiras, em um trecho de deserto onde a vida era possível, embora não fosse fácil. O calor parecia algo vivo, se enterrava bem fundo sob nossa pele, eliminava qualquer lembrança do frio. Eu usava vestes leves de algodão com um capuz e protegia o rosto das tempestades de areia com um lenço de pano que deixava meus olhos descobertos. Li-Ming já havia se tornado uma jovem mulher então. Os traços de inocência infantil tinham-se apagado e ela agora possuía uma expressão séria que dava lugar, às vezes, a um sorriso insolente bem ensaiado. Li-Ming usava suas melhores roupas, apesar do calor, usando magia para suportar o incômodo.

— O fim de nossa busca se aproxima, Li-Ming, e no entanto não estamos nem um pouco mais perto de resolver o mistério desse verão sem fim — eu disse, enquanto seguíamos.

— Eu não sei explicar, Mestre. Creio que algo está consumindo o deserto. Parece que os limites da realidade estão enfraquecidos, como quando olhamos à distância em um sonho.

— Talvez você apenas esteja sentindo o oceano de fogo e rocha derretida sob nossos pés."

— Como o sol acima de nossas cabeças? — perguntou, desafiadora. — Você não me leva a sério, mas estou certa de que esse clima não tem origem natural. Quando eu vasculhei os arquivos da cidade...

— Um feito interessante considerando que é proibido sair do Santuário Yshari.

Li-Ming me devolveu um olhar seco e continuou:

— Eu examinei os registros do tempo. Nós nunca passamos por um período tão intenso de calor. O Oásis de Dahlgur pode secar se isso não acabar logo.

— Nisto concordamos.

— Mas há mais — continuou Li-Ming. — Há algo no ar que não se parece com nada que eu já tenha sentido. Era para estar frio e não está... Os ventos deveriam estar calmos e não estão.

— Será possível que você ainda insista em procurar uma explicação onde não há nenhuma? Sabemos muito deste mundo e das estrelas sobre nós, mas no final isto pode muito bem ser tão natural quanto as eras de gelo e neve. Você não viveu tanto quanto eu, e os mistérios do universo devem parecer novos a você.

— Se você acredita nisso, então por que estamos aqui, Mestre?

— Você me pegou nessa — respondi, rindo.

Li-Ming olhou em direção à cidade.

— Há uma forte magia em nosso mundo. Por exemplo, as Terras do Pavor. Um lugar inteiro destruído, e quem pode dizer se a destruição de lá não começou da mesma forma? Já faz vinte anos desde que os Lordes do Inferno caminharam por nosso mundo. Isendra me contou sobre a invasão fracassada. Talvez eles estejam tentando outra vez.

— Às vezes eu penso que você é tão ávida por cumprir o seu destino que chegaria a agradecer se alguma calamidade se abatesse sobre nosso mundo.

— É o meu destino, afinal de contas. E ele se concretizará mais cedo do que você pensa.

Essa era a opinião de Li-Ming, e Isendra partilhava dela. Li-Ming acreditava que um dia iria deter uma invasão do inferno como Isendra fizera antes dela. Tudo por causa de um livro que Li-Ming lera, uma profecia escondida em um dos volumes da biblioteca que detalhava os sinais do retorno dos Lordes do Inferno. Isendra várias vezes tentara me convencer de que a profecia era verdadeira, e embora eu não ignorasse o perigo, permaneci cético.

Li-Ming tinha muitos talentos, mas o maior deles era a leitura da magia. Ela era muito observadora e sabia discernir com facilidade a estrutura oculta dos feitiços. Uma vez eu lhe perguntei como era enxergar as coisas. Ela descreveu os fios invisíveis da magia e as auras de poder arcano que se formavam ao redor dos magos quando eles lançavam seus feitiços, e descreveu os borrões verdes e vermelhos que ficavam no ar, como os que se gravam na retina quando olhamos para o Sol. Ela sentia o gosto, o cheiro, via e sentia a magia. Assim, quando Li-Ming me disse que o verão sem fim era causado por mão mortal ou algum outro grande poder, eu fiquei propenso a acreditar nela, pois esta também era minha opinião. Mas não falei coisa alguma, pois se aquilo fosse verdade, as consequências seriam muito preocupantes.

Caldeum ficava em uma extensa chapada que se erguia sobre o deserto. A chapada terminava em penhascos íngremes, em cuja base ficava Lut Bahadur. Acima das muralhas da cidade, moinhos giravam placidamente, em épocas normais, mas agora muitos deles haviam sido derrubados e inutilizados pelos ventos fortes. Toldos de lona desbotados e rasgados se estendiam sobre ripas de madeira que se projetavam dos telhados de barro para oferecer alguma proteção contra o Sol, mas de pouco adiantava, pois a sombra não oferecia alívio. Quase todos agora usavam panos escondendo o rosto como eu, então não se podia ver nada além da expressão dos olhos, cheios de medo ou esvaziados de esperança.

A cidade estava morrendo.

(...)

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Respostas para perguntas não feitas (2)




Na minha visão é importante repensar sobre nossas decepções, e, se for para condenar alguém que seja você mesmo. Afinal as pessoas só podem dar aquilo que elas têm e não o que você projeta e imagina sobre elas.

Melhor baixar bastante as expectativas e ser constantemente surpreendido do que aumentá-las e ficar decepcionado com frequência.


Hmpf! Vontade de assoprar algumas pessoinhas que parecem serem feitas de farofa, mas qual é o sentido disso? Num ganharia nada e outra, que preguiça!

"(...)Ela, toda venenosa de vestido rosa
pra me seduzir
Eu banquei a noite inteira, foi tanta saideira
e nada de partir

E ela no absolut, misturando ice, uísque e redbull
Eu vivi um pesadelo,
entrei em desespero
e fiquei a bangu
A galera da balada tava antenada no seu proceder
Eu não quis saber de nada, banquei essa parada, eu não sou de perder...

Perdi.
Foi clareando o dia,
e eu na agonia,
a banca quebrou
Ela saiu de fininho,
me negou carinho
e foi pegar o metrô..."


Eu ouvi dizer que quando o Diabo num pode comparecer pessoalmente ele manda uma mulher...