A pequena que me acolheu, encorajou e me deu forças em um momento de frustração e medo muito se diferencia da pequena partícula "SE" que tanto já me atrapalhou, pois esta é a maldição dos sonhadores. Suas palavras afiadas e gentilezas me animaram com a força pra continuar seguindo apesar da queda:
" (...)O
louco homem imaginário, se materializou em minha frente, o moço é alto,
muito alto, branco, como um cadáver, sua pele é velha, e suas roupas um
trápo, mas sobre sua cabeça um elegante chapel intocado. Ele segurava
uma "bengala" preta, com a ponta branca, como se fosse um mágico! Seu
sorriso era convidativo, e o medo em sua voz envolvente. Segui suas
ordens, como um trem parando no ponto.
Soltei-me do chão, cai de um precipício, e voei pelo lago na noite iluminada apenas pela lua!
Em
minha mão a mesma bengala do mágico alto, em minha cabeça o chapéu
dele! O poder entrando forte pelos meus pulmões, o conhecimento
se expandindo, a sensação borbulhante, e sagaz, cada milésimo de segundo
é prazeroso, é impossível resistir, é tão certo!
A
musica muda de repente, eu caio um chão banco e marrom me contorcendo
de dor. Os acordes da nova musica, machucam minha cabeça, tampo meus
ouvidos, e tento deixar por me envolver, outro cara canta: você pode
escolher, deve escolher, cada um escolhe, mas você terá de escolher o
melhor para você, para então ser julgado, a pena.
Sinto-me
puxada pelas clavículas e pelo abdômen, meus pés saem do chão, e as
asas voam, em cima das nuvens, a brisa lenta, faz massagem em em meu
corpo, e qualquer barulho mais alto machuca, assusta, e qualquer
desconforto dói. Muito. (...)"
Não apenas essas, tantas outras: reflexões filosóficas, contos eróticos, devaneios, entre outros. Era tão jovem, quase uma criança. Nos momentos mais sinistros e pelos lugares mais podres que minha alma já passou sempre encontro a bondade de algum estranho. Dizem que a coincidência é a maneira que Deus age para permanecer no anonimato. Se quem escolhemos para estar perto revela nosso caráter é com muito prazer que escolho você pequena autora...
Apesar de nem lembrar de mim ou de meu nome sua breve passagem na minha vida carregarei para sempre; como um espírito faminto pode esquecer o anjo que veio em seu resgate no Vale das Sombras e da Morte? Talvez, para o anjo tenha sido apenas mais um dia rotineiro e comum. Me faz lembrar das palavras de um famoso explorador, que assim como ela, descobre ao ler, ao ler o mundo. Ao inventar mundos ao escrever:
"O extraordinário é o que fazemos, não quem somos"
