Loucura
Para definir loucura, como
todas as outras definições que fazemos, teríamos que enrijecer nossa
percepção de forma a aglutinar padrões que nos sejam revelados à
observação e que em suas manifestações fossem dissonantes de todo o
conjunto tido como o normal.
Pode parecer estranho, mas antes tenho que fazer uns apêndices.
Acompanhem o raciocínio com atenção, por favor.
Em física quântica,
sabemos e sabemos com base em fatos empíricos e científicos, que um
elétron realiza uma determinada órbita em torno do núcleo na eletrosfera
atômica.
Quando o elétron muda sua órbita? Obviamente quando
ganha ou perde energia. O que acontece neste processo? Absorção ou
liberação de energia. Quando há liberação de energia os elétrons
expressam tal fenômeno em sua retina na forma de luz. Isto mesmo, a luz é
uma reação eletrônica que se manifesta, no momento em que há uma
alteração no campo de forças, no sentido da liberação do acúmulo de
energia obtido e claro, uma tentativa de retorno para a orbitação
inicial quando em estado natural.
A luz, então, representa a
mudança na faixa orbital dos elétrons em torno do núcleo, de forma que
quanto mais próximo do núcleo estiver, menor será a energia acumulada e
mais brilho terá sido lançado.
Então, seguindo esta linha,
sabemos que existem algumas faixas que os elétrons respeitam e que
quando ocorre a tal alteração de forças no campo, que os elétrons mudam
de faixa em torno do núcleo e que quanto mais distante do núcleo estiver
a orbitação, mais energia terá sido absorvida e tal... e no caminho
inverso, em direção às faixas mais próximas do núcleo ocorre o fenômeno
da luz e da descarga de força, e por vai..., e nesse momento você deve
estar pensando que conforme vai ocorrendo gradativamente a liberação de
energia ou luz, os elétrons vão mudando sua faixa de orbitação
linearmente, numa espiral, certo? E isto claro, de acordo com as
tradicionais e bem conhecidas leis lógicas e racionais do pensamento
cartesiano, ok? ERRADO!
Cientificamente falando, ao observamos
o comportamento dos elétrons quando estes perdem energia ou liberam
luz, deveríamos supor que de uma faixa 7 de orbitação, vagariam para a
camada 6, depois pra camada 5, 4 e assim por diante. No entanto,
surpreendentemente eles podem assumir uma orbitação que sai da faixa 7 e
vai misteriosamente para a faixa 3, ou 2. Incrível não? É como se você
deixasse cair uma caneta em direção ao chão, e esta aparecesse
subitamente em cima da sua mesa.
Isto mesmo, acredite, não é
misticismo ou mitologia. Olhando com a extensão dos nossos olhos, isto
é, com os microscópios, mesmo com toda a nossa concentração não temos
como predizer com certeza absoluta o que irá ocorrer, apenas mapear
possibilidades.
E mais, os elétrons não vagam de uma faixa
orbital para a outra como fazemos nós, por exemplo, quando mudamos de
uma faixa para a outra em uma estrada quando viajando de carro. Não!!!
Obscuramente eles desaparecem e reaparecem em distintas faixas orbitais
sem que neste intervalo possamos saber onde foram parar. Em realidades
ou universos paralelos? Desviaram-se do foco da nossa atenção sem que
pudéssemos perceber? Não sabemos ainda dizer, simplesmente observamos
que somem e reaparecem onde bem entendem e como querem, contrariando a
mais dedutiva hipótese e a mais comprovada indução.
O que temos
a dizer então sobre Loucura? Mitologia? Delírios? Alucinações?
Espíritos? Profecias? O que diz o louco do hospício ou aquele que com
certeza você conhece? Será que só a razão tem a verdade e a certeza?
Talvez estejamos nos aproximando de um novo paradigma , acreditem,
mudanças estão borbulhando.
Bom, os físicos tradicionalistas e
clássicos, com seus instrumentos de medida, lentes, óculos,
maquinarias, calculadoras, e mais todos os racionalistas e defensores da
razão e da lógica como instrumento maior de representação do que vem a
ser a verdade, ou que de maior grau representaria o ser humano em
detrimento dos outros animais, trocando em miúdos, tomaram bem no meio
daquele lugar que você deve estar supondo.
O impressionante é
que poucas pessoas sabem deste fenômeno físico que vos digo, e ainda
hoje vemos inúmeros idiotas acreditando no poder de suas projeções
racionais. Supõem deterem padrões aceitáveis de pensamento e ao emitirem
seus respectivos e calculados julgamentos, admitem para si mesmos
estarem trabalhando dentro da mais harmoniosa normalidade.
Não
imaginam o quão delirando estão! O fato de olharem para o mundo e terem
respostas visuais que o cérebro interpreta em forma de imagens,
encadeando-as em padrões sequenciais com base na repetição dos eventos
assimilados, forjam a noção de que tais reproduções são de fato a
verdade. A objetividade de suas apreensões em contato com sua cultura
racional, organiza todo um conjunto de conceitos que supostamente
revelariam a verdade, em detrimento de intuições ou julgamentos baseados
em outras fontes.
Interiorizam toda e qualquer ideologia
criada pelas forças institucionais dominantes , dentre elas ( mídia
(acontecimentos?) , igreja (logos?) , estado (justiça?), e até o que
algumas ditas ciências promulgam (verdades?) ) e em conluio com toda
esta manipulação criada por estas castas privilegiadas, assumem o normal
como vos é apresentado, uma vez que a maioria deleita dos mesmos
valores, e está também presa no mesmo contexto de experiência
superficial.
Valores estes que foram estrategicamente criados e
que regulam quais os padrões aceitáveis que o cérebro deve incorporar
quando da sua relação com o meio ambiente natural em que está inserido.
Estes mesmos valores que trabalham já de forma mais autônoma que você e
que possuem a tarefa exaustiva de formatar as maneiras de pensar ou
julgar o que quer que seja. Lutar até o fim para impedir o pensar
diferente e punir a criatividade.
Incrivelmente,
A
situação atômica elementar nos dá atualmente a maior prova de que o
mundo natural não respeita as leis da nossa pretensiosa lógica e muito
menos aos anseios da nossa razão egoísta, e ainda assim, vemos muitos de
nós, a maioria pra dizer a verdade, se deixando guiar pelas pretensas
razões, autônomas e normais maneiras de ser, rs, que ironia!
Estamos diante de um fenômeno, senhores, que nos mostra que o real, real
aqui tido como a realidade exterior que existe independentemente de
nossa vontade, que tal instância é fluída, imprevisível, inassimilável,
não mensurável, impossível de apreender totalmente, não mapeável, da
ordem do não representável e do indizível.
Assim, não me venha
com definições do que é o normal ou do que é a loucura, a começar pelas
limitações do nosso instrumento de catalogação, que são as palavras.
As ambiguidades destas revelam o quão impossível é criar um conceito
rígido e fixo que manifesta a verdade abstraída pela dedução e pelo
poder da indução de qualquer observação metódica realizada. Descartes
com seus métodos que me perdoe, mas não há como dividir a existência em
duas fatias, a material como sendo lógica, formal e do campo das
verdades científicas, e a subjetiva como campo dos mistérios da
religião, da fé quando do dízimo bem pago, ou no mais das versões
comportamentalistas, cognitivistas ou evolucionistas das psicologias
empíricas.
Não, não aceito! A realidade é uma só, e nem a ciência e nem a igreja podem formular o que é ela! Jamais poderão!
Suponho que como as outras instituições dominantes, visam manipular e
controlar a massa para fins específicos, neste sentido concordo e até
respeito, afinal todos precisamos, vez ou outra de um conselho divino,
de uma bússola ou GPS para se nortear, não é verdade?
No
entanto, tenho que afirmar que quem nos constituí é esse real que com
sua própria dança fornece todas tais material para a criação destas
ilusões que precisamos romper para alcançar uma experiência mais
autêntica de vida.
Não adianta nada deixarmos a idade média
para trás com os dogmas duvidosos da igreja e assumirmos um nova postura
também dogmática baseada na razão.
Que bobeira é essa?
Trocamos a fé pela razão? E agora humanos julgam-se espertos e
inteligentes? Agora sentimos que podemos conhecer tudo e que isto é só
uma questão de tempo? Não temos mais que ouvir nada além da metódica voz
da razão?
Não, infelizmente não. Fomos de um extremo a outro e
não obtivemos nenhuma melhora consistente, apenas vestimos uma nova
roupa, com novas formas, mas feita com o mesmo tecido que construiu o
vestuário da idade média, a saber, a ignorância.
O sentido das
cousas que o humano constrói, ou seja, a forma como tomamos o universo é
resultante desta dança incontrolável que é a existência, isto é, é de
uma dimensão que não podemos de todo conhecer ou dominar. Mesmo que
todas as instituições que regulam os discursos da verdade nos forcem a
crer que sim, que podemos conhecer a existência e a dominarmos, sei de
alguma forma que não passa de manipulação!
Que estupidez, não é
verdade?! Não dominamos nada! Somos um nada, uma falha na pureza do
não-ser. Temos que contemplar e respeitar a existência, o que não
estamos mais fazendo faz milhares de anos.
Agora o que fazemos
sob os auspícios das pretensas, velhas e dominantes verdades, é limitar
nossa consciência dentro de uma ilusão a que chamamos de ego, que está
identificada com a razão, que é lógica, gramatical, racional e
controlada pelos discursos das forças dominantes.
Para tal,
recebemos algumas pequenas recompensas que recebemos como pequenos
reforçadores que nos condicionam pela nossa submissão servil e dócil
diante de tais discursos que nos alienam e que sem perceber nos fazem
consentir com o que ocorre atualmente no mundo.
Porém, mesmo
com todas estas ilusões de verdade que foram desde sempre
meticulosamente forjadas e que supõem ser a existência tão lógica e
coerente tal como se apresentam, por exemplo, os corpos celestiais,
mesmo diante destas forças que tentam reprimir os lampejos que a vida
quer dar, teremos com certeza e sempre a voz da loucura agindo mesmo que
de maneira não aceita.
A voz da loucura ali e acolá, se
manifestando e surpreendendo a aristocracia, no delírio do psicótico, no
vislumbre do místico, na profecia dos santos, nas bebedeiras dos
bêbados, nos gritos das histéricas, nos sintomas e nas paixões
indesejadas que perseguem sem cessar cada um dos viventes desta Terra
que chora sua dor diante de tanta incompetência das lideranças mundiais e
das lideranças corporativas.
Seguindo nesta via, teremos
sempre o Caos e a Desordem como manifestações ainda não catalogadas, mas
que ainda serão reveladas e organizadas diante do olhar criterioso do
cientista? No mais, a Desordem e o Caos, como algo da dimensão da
loucura que acomete os imbecis e os fracos na razão, não? Presunçosos.
O Caos tido como uma manifestação patológica e doentia, enquanto que o
formal com sua coerência e repetição representando o normal e o
verdadeiro?
Não, infelizmente não!
Tudo pode mudar e
realmente muda. E não há projeção racional alguma que possa predizer com
certeza nada, seja o que for. Qualquer surpresa pode acontecer mesmo
diante das induções mais certas, e um dia se tiveres sorte vai entender!
Um vislumbre delirante, ou alucinação psicótica, ou uma profecia
professada por um homem de Deus, ou uma doença orgânica sem causa
conhecida, um sonho forte e intenso que se tem numa certa noite, um
louco que diz algo a você supostamente sem sentido, e muito mais, tudo e
todas estas são manifestações que podem conter verdades sobre a vida ,
sobre você, sobre qualquer coisa que seja, que sejam tão verdadeiras
tanto quanto uma assertiva científica que diz que a força que nos atrai
para o centro da Terra é a gravidade.
Da mesma forma, o fato de
existir um único sol em nossa galáxia, não quer dizer que um segundo não
possa surgir, ou que o nosso universo seja o único existente e
habitável, e por aew vai.....
Atenção, cuidado com sua pretensa segurança, ou não acredite tanto em suas desgraças fatais quanto as supõe serem fatais.
Não mesmo, pare e duvide de suas certezas, pois algo misterioso e
poderoso pode acontecer com você que leu este texto até aqui, a qualquer
instante, e torço pra que seja infinitamente melhor do que você poderia
esperar.
Não tome a voz da razão, do comum ou das verdades
deste mundo velho, formal e chato, como sendo verdades certas. Ouça a
voz que nasce do centro mais íntimo de sua alma.
A loucura
contém muitas verdades e ela quer falar. Deixe-a conversar com você e
com o mundo. Expresse-a, pois na sua loucura podem existir as soluções
que sua mente neurótica e racional não consegue encontrar.
Obs: Agora compreendo as auréolas dos anjos, os dos êxtases de
iluminação que os místicos alcançam! Na quietude e no silêncio que
aprenderam a cultivar em suas respectivas almas e no contato persistente
que aprenderam a estabelecer com seu eu-interior não racional,
aprenderam também a acumular grandes quantidades de energia, de forma
que ao liberarem toda essa força brilham e resplandecem como o sol. Com
pensamentos sublimes e visões que transcendem o aqui e agora, portam
verdades que ciência alguma jamais poderá revelar. Somente aqueles que
realmente voltarem para si mesmos com seriedade e ultrapassarem os
níveis mundanos de frequência cerebral, poderão compreender um pouco
disto. Ao brilhar estão tendo visões profundas e ao mesmo tempo emitem
luz e a irradiam no seu meio.
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