terça-feira, 23 de abril de 2013

The hunter and the prey (4)









Correndo até não suportar mais ela se esconde. Encolhendo-se em um canto sujo ao tentar fazer de seu medo uma camuflagem, sua mente racional ficou para trás na disparada junto com o que trazia em suas mãos restando apenas o instinto de sobrevivência. A sensação é tão visceral que o pânico lhe observa faminto à distância. Os rastros são tão legíveis como uma trilha de migalhas e sua respiração tão pesada que a ensurdece. Sabemos que o desfecho é inevitável e isso me sacia por enquanto.

Por alguns minutos eternos vasculho a concha de retalhos de meu vocabulário para dar um nome ao jogo, mas prefiro me abster e observar soltando os cachorros do pânico pra lhe fazer companhia na medida em que sua adrenalina desce. Tique-taque... Que lindos cãezinhos do inferno.


Pega! (um riso torpe crescente envolve a noite)



quarta-feira, 17 de abril de 2013

Bull's Eye (6)






O acúmulo de ansiedade somática gradativamente aumenta passo a passo com a umidade nas mãos e dilatação da pupila. Aquele que confia insiste em te menosprezar conforme o esperado e o silêncio após a tormenta não fora grande o bastante. Em meio às fantasias de elaboração o nível de satisfação aumenta para níveis ótimos. Autossuficiência é a moda, porém o cultivado não passa de egocentrismo, o que é óbvio ao olhar casual... Racho-me de tanto rir enquanto as expectativas são levemente superadas. Não digo que isso me faz bem, apenas me faz.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

13(7)







Doi tanto olhar nos olhos da pessoa que mais amo e falar "Vai dar tudo certo" mesmo sabendo que não é verdade... mas é o que nos resta por enquanto.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Sintomas Psicóticos (2) / Orações Piscianas (3 ao 5) / Duelo de Titãs (3)

Loucura

Para definir loucura, como todas as outras definições que fazemos, teríamos que enrijecer nossa percepção de forma a aglutinar padrões que nos sejam revelados à observação e que em suas manifestações fossem dissonantes de todo o conjunto tido como o normal.

Pode parecer estranho, mas antes tenho que fazer uns apêndices.
Acompanhem o raciocínio com atenção, por favor.

Em física quântica, sabemos e sabemos com base em fatos empíricos e científicos, que um elétron realiza uma determinada órbita em torno do núcleo na eletrosfera atômica.

Quando o elétron muda sua órbita? Obviamente quando ganha ou perde energia. O que acontece neste processo? Absorção ou liberação de energia. Quando há liberação de energia os elétrons expressam tal fenômeno em sua retina na forma de luz. Isto mesmo, a luz é uma reação eletrônica que se manifesta, no momento em que há uma alteração no campo de forças, no sentido da liberação do acúmulo de energia obtido e claro, uma tentativa de retorno para a orbitação inicial quando em estado natural.

A luz, então, representa a mudança na faixa orbital dos elétrons em torno do núcleo, de forma que quanto mais próximo do núcleo estiver, menor será a energia acumulada e mais brilho terá sido lançado.

Então, seguindo esta linha, sabemos que existem algumas faixas que os elétrons respeitam e que quando ocorre a tal alteração de forças no campo, que os elétrons mudam de faixa em torno do núcleo e que quanto mais distante do núcleo estiver a orbitação, mais energia terá sido absorvida e tal... e no caminho inverso, em direção às faixas mais próximas do núcleo ocorre o fenômeno da luz e da descarga de força, e por vai..., e nesse momento você deve estar pensando que conforme vai ocorrendo gradativamente a liberação de energia ou luz, os elétrons vão mudando sua faixa de orbitação linearmente, numa espiral, certo? E isto claro, de acordo com as tradicionais e bem conhecidas leis lógicas e racionais do pensamento cartesiano, ok? ERRADO!

Cientificamente falando, ao observamos o comportamento dos elétrons quando estes perdem energia ou liberam luz, deveríamos supor que de uma faixa 7 de orbitação, vagariam para a camada 6, depois pra camada 5, 4 e assim por diante. No entanto, surpreendentemente eles podem assumir uma orbitação que sai da faixa 7 e vai misteriosamente para a faixa 3, ou 2. Incrível não? É como se você deixasse cair uma caneta em direção ao chão, e esta aparecesse subitamente em cima da sua mesa.

Isto mesmo, acredite, não é misticismo ou mitologia. Olhando com a extensão dos nossos olhos, isto é, com os microscópios, mesmo com toda a nossa concentração não temos como predizer com certeza absoluta o que irá ocorrer, apenas mapear possibilidades.

E mais, os elétrons não vagam de uma faixa orbital para a outra como fazemos nós, por exemplo, quando mudamos de uma faixa para a outra em uma estrada quando viajando de carro. Não!!! Obscuramente eles desaparecem e reaparecem em distintas faixas orbitais sem que neste intervalo possamos saber onde foram parar. Em realidades ou universos paralelos? Desviaram-se do foco da nossa atenção sem que pudéssemos perceber? Não sabemos ainda dizer, simplesmente observamos que somem e reaparecem onde bem entendem e como querem, contrariando a mais dedutiva hipótese e a mais comprovada indução.

O que temos a dizer então sobre Loucura? Mitologia? Delírios? Alucinações? Espíritos? Profecias? O que diz o louco do hospício ou aquele que com certeza você conhece? Será que só a razão tem a verdade e a certeza? Talvez estejamos nos aproximando de um novo paradigma , acreditem, mudanças estão borbulhando.

Bom, os físicos tradicionalistas e clássicos, com seus instrumentos de medida, lentes, óculos, maquinarias, calculadoras, e mais todos os racionalistas e defensores da razão e da lógica como instrumento maior de representação do que vem a ser a verdade, ou que de maior grau representaria o ser humano em detrimento dos outros animais, trocando em miúdos, tomaram bem no meio daquele lugar que você deve estar supondo.

O impressionante é que poucas pessoas sabem deste fenômeno físico que vos digo, e ainda hoje vemos inúmeros idiotas acreditando no poder de suas projeções racionais. Supõem deterem padrões aceitáveis de pensamento e ao emitirem seus respectivos e calculados julgamentos, admitem para si mesmos estarem trabalhando dentro da mais harmoniosa normalidade.

Não imaginam o quão delirando estão! O fato de olharem para o mundo e terem respostas visuais que o cérebro interpreta em forma de imagens, encadeando-as em padrões sequenciais com base na repetição dos eventos assimilados, forjam a noção de que tais reproduções são de fato a verdade. A objetividade de suas apreensões em contato com sua cultura racional, organiza todo um conjunto de conceitos que supostamente revelariam a verdade, em detrimento de intuições ou julgamentos baseados em outras fontes.

Interiorizam toda e qualquer ideologia criada pelas forças institucionais dominantes , dentre elas ( mídia (acontecimentos?) , igreja (logos?) , estado (justiça?), e até o que algumas ditas ciências promulgam (verdades?) ) e em conluio com toda esta manipulação criada por estas castas privilegiadas, assumem o normal como vos é apresentado, uma vez que a maioria deleita dos mesmos valores, e está também presa no mesmo contexto de experiência superficial.

Valores estes que foram estrategicamente criados e que regulam quais os padrões aceitáveis que o cérebro deve incorporar quando da sua relação com o meio ambiente natural em que está inserido.

Estes mesmos valores que trabalham já de forma mais autônoma que você e que possuem a tarefa exaustiva de formatar as maneiras de pensar ou julgar o que quer que seja. Lutar até o fim para impedir o pensar diferente e punir a criatividade.

Incrivelmente,

A situação atômica elementar nos dá atualmente a maior prova de que o mundo natural não respeita as leis da nossa pretensiosa lógica e muito menos aos anseios da nossa razão egoísta, e ainda assim, vemos muitos de nós, a maioria pra dizer a verdade, se deixando guiar pelas pretensas razões, autônomas e normais maneiras de ser, rs, que ironia!

Estamos diante de um fenômeno, senhores, que nos mostra que o real, real aqui tido como a realidade exterior que existe independentemente de nossa vontade, que tal instância é fluída, imprevisível, inassimilável, não mensurável, impossível de apreender totalmente, não mapeável, da ordem do não representável e do indizível.

Assim, não me venha com definições do que é o normal ou do que é a loucura, a começar pelas limitações do nosso instrumento de catalogação, que são as palavras.

As ambiguidades destas revelam o quão impossível é criar um conceito rígido e fixo que manifesta a verdade abstraída pela dedução e pelo poder da indução de qualquer observação metódica realizada. Descartes com seus métodos que me perdoe, mas não há como dividir a existência em duas fatias, a material como sendo lógica, formal e do campo das verdades científicas, e a subjetiva como campo dos mistérios da religião, da fé quando do dízimo bem pago, ou no mais das versões comportamentalistas, cognitivistas ou evolucionistas das psicologias empíricas.

Não, não aceito! A realidade é uma só, e nem a ciência e nem a igreja podem formular o que é ela! Jamais poderão!

Suponho que como as outras instituições dominantes, visam manipular e controlar a massa para fins específicos, neste sentido concordo e até respeito, afinal todos precisamos, vez ou outra de um conselho divino, de uma bússola ou GPS para se nortear, não é verdade?

No entanto, tenho que afirmar que quem nos constituí é esse real que com sua própria dança fornece todas tais material para a criação destas ilusões que precisamos romper para alcançar uma experiência mais autêntica de vida.

Não adianta nada deixarmos a idade média para trás com os dogmas duvidosos da igreja e assumirmos um nova postura também dogmática baseada na razão.

Que bobeira é essa? Trocamos a fé pela razão? E agora humanos julgam-se espertos e inteligentes? Agora sentimos que podemos conhecer tudo e que isto é só uma questão de tempo? Não temos mais que ouvir nada além da metódica voz da razão?

Não, infelizmente não. Fomos de um extremo a outro e não obtivemos nenhuma melhora consistente, apenas vestimos uma nova roupa, com novas formas, mas feita com o mesmo tecido que construiu o vestuário da idade média, a saber, a ignorância.

O sentido das cousas que o humano constrói, ou seja, a forma como tomamos o universo é resultante desta dança incontrolável que é a existência, isto é, é de uma dimensão que não podemos de todo conhecer ou dominar. Mesmo que todas as instituições que regulam os discursos da verdade nos forcem a crer que sim, que podemos conhecer a existência e a dominarmos, sei de alguma forma que não passa de manipulação!

Que estupidez, não é verdade?! Não dominamos nada! Somos um nada, uma falha na pureza do não-ser. Temos que contemplar e respeitar a existência, o que não estamos mais fazendo faz milhares de anos.

Agora o que fazemos sob os auspícios das pretensas, velhas e dominantes verdades, é limitar nossa consciência dentro de uma ilusão a que chamamos de ego, que está identificada com a razão, que é lógica, gramatical, racional e controlada pelos discursos das forças dominantes.

Para tal, recebemos algumas pequenas recompensas que recebemos como pequenos reforçadores que nos condicionam pela nossa submissão servil e dócil diante de tais discursos que nos alienam e que sem perceber nos fazem consentir com o que ocorre atualmente no mundo.

Porém, mesmo com todas estas ilusões de verdade que foram desde sempre meticulosamente forjadas e que supõem ser a existência tão lógica e coerente tal como se apresentam, por exemplo, os corpos celestiais, mesmo diante destas forças que tentam reprimir os lampejos que a vida quer dar, teremos com certeza e sempre a voz da loucura agindo mesmo que de maneira não aceita.

A voz da loucura ali e acolá, se manifestando e surpreendendo a aristocracia, no delírio do psicótico, no vislumbre do místico, na profecia dos santos, nas bebedeiras dos bêbados, nos gritos das histéricas, nos sintomas e nas paixões indesejadas que perseguem sem cessar cada um dos viventes desta Terra que chora sua dor diante de tanta incompetência das lideranças mundiais e das lideranças corporativas.

Seguindo nesta via, teremos sempre o Caos e a Desordem como manifestações ainda não catalogadas, mas que ainda serão reveladas e organizadas diante do olhar criterioso do cientista? No mais, a Desordem e o Caos, como algo da dimensão da loucura que acomete os imbecis e os fracos na razão, não? Presunçosos.

O Caos tido como uma manifestação patológica e doentia, enquanto que o formal com sua coerência e repetição representando o normal e o verdadeiro?

Não, infelizmente não!

Tudo pode mudar e realmente muda. E não há projeção racional alguma que possa predizer com certeza nada, seja o que for. Qualquer surpresa pode acontecer mesmo diante das induções mais certas, e um dia se tiveres sorte vai entender!

Um vislumbre delirante, ou alucinação psicótica, ou uma profecia professada por um homem de Deus, ou uma doença orgânica sem causa conhecida, um sonho forte e intenso que se tem numa certa noite, um louco que diz algo a você supostamente sem sentido, e muito mais, tudo e todas estas são manifestações que podem conter verdades sobre a vida , sobre você, sobre qualquer coisa que seja, que sejam tão verdadeiras tanto quanto uma assertiva científica que diz que a força que nos atrai para o centro da Terra é a gravidade.
Da mesma forma, o fato de existir um único sol em nossa galáxia, não quer dizer que um segundo não possa surgir, ou que o nosso universo seja o único existente e habitável, e por aew vai.....

Atenção, cuidado com sua pretensa segurança, ou não acredite tanto em suas desgraças fatais quanto as supõe serem fatais.

Não mesmo, pare e duvide de suas certezas, pois algo misterioso e poderoso pode acontecer com você que leu este texto até aqui, a qualquer instante, e torço pra que seja infinitamente melhor do que você poderia esperar.

Não tome a voz da razão, do comum ou das verdades deste mundo velho, formal e chato, como sendo verdades certas. Ouça a voz que nasce do centro mais íntimo de sua alma.

A loucura contém muitas verdades e ela quer falar. Deixe-a conversar com você e com o mundo. Expresse-a, pois na sua loucura podem existir as soluções que sua mente neurótica e racional não consegue encontrar.

Obs: Agora compreendo as auréolas dos anjos, os dos êxtases de iluminação que os místicos alcançam! Na quietude e no silêncio que aprenderam a cultivar em suas respectivas almas e no contato persistente que aprenderam a estabelecer com seu eu-interior não racional, aprenderam também a acumular grandes quantidades de energia, de forma que ao liberarem toda essa força brilham e resplandecem como o sol. Com pensamentos sublimes e visões que transcendem o aqui e agora, portam verdades que ciência alguma jamais poderá revelar. Somente aqueles que realmente voltarem para si mesmos com seriedade e ultrapassarem os níveis mundanos de frequência cerebral, poderão compreender um pouco disto. Ao brilhar estão tendo visões profundas e ao mesmo tempo emitem luz e a irradiam no seu meio.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Bull's Eye (5) / Pentagrama (5) / Jung (3)






"(...) the extraordinary is what we do, not who we are. (...) In our darkest moments, when life flashes before us, we found something. Something that keep us going.

When all seems lost, I found the truth...

 and I know what I must become."


Esse ano foi apenas uma fase ruim, um período difícil... Sei que enchi a paciência de muita gente, mas foi apenas um pequeno efeito colateral, o que vazou por entre os dedos como areia que não pude conter pelas minhas deficiências, mas isso não é um pedido de desculpas.

O que claramente vai ficar é meu novo propósito, meu foco e a principal lição que tiro foi que: descobrimos a força que temos quando não temos outra escolha a não ser forte.

Engasgue e morra 2012! Um excelente final de ano a todos e serei menos deselegante em 2013 para quem ainda ousar me aturar, eu desse lado estou fazendo um esforço para quem fica. Para os que vão apenas o desejo de felicidades e que se encontrem, pois uma coisa que marcou nesse ritual de passagem; nesse divisor de águas: Podemos nos proteger ou fugir de tudo, exceto de nós mesmos.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Pentagrama (4) / Justiça (2) / Sub-versão (3)




"(...)
É a menina de rua que se vende por comida.
É o feto abortado sem direito a vida.
O mulequinho barrigudo de nariz escorrendo
Trabalhador nordestino se sente morrendo,
Também o aidético em fase terminal,

A prostituta na esquina de quem tanto falam mal
Tal qual Judas com certeza eles sempre traem,
Pobres infelizes mataram o próprio pai!

Deus é o cego, o surdo, o louco e o retardado
A estuprada mãe solteira e o aleijado
A empregada doméstica, o idoso e o lixeiro,
Deus é tudo e todos o tempo inteiro.

São Bento e seu santo nome! Cães infieis!
Chegará ao Apocalipse beijarão seus pés
Vertendo lágrimas de sangue em vão,
Pois não haverá perdão ficaram na ilusão
Ninguém lhes dará a mão!

Descerão à mansão dos mortos na esperança
De ressuscitar no terceiro dia,
Mas já sabem qual será sua moradia
Sentados pela eternidade dia e noite, noite e dia
Junto a sombra sombria de quem foi anjo um dia (...)"

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sob a luz do meu isqueiro (1) / Amor (3)

Eu vejo, eu quero e tomo de assalto. É simples assim! Porque eu posso, porque tenho a força o suficiente, é justo e faço de Propósito, quer se vitimizar então é isso que será o resto da vida. Piedade morreu bem antes da esperança e hoje me deliciarei com o devir...

Amor é apenas uma fraqueza infantil, paixão um conjunto de sintomas, não me venha com suas... Deixa para lá, cansei de tentar ensinar filosofia a um urso panda, isso é loucura.

Pára de ser, há! Chega de imperativos, acredite que o Papai Noel é portador do livre arbítrio então imbecil... Hmmm que se lasque lá frente! Vou cruzar os braços e ver você se contorcer afundando na própria lama, nem é mais engraçado, mas a vida é cruel:

Quando estamos caidos e alguém se aproxima, achamos que vão nos extender a mão.... Tolo erro! Lá vem a bicuda na cara que é para aprender a sorrir sem os dentes!